Minha primeira experiência internacional fora da imigração japonesa foi já no aeroporto, mas foi com uma russa perdida. Como infelizmente meu conhecimento de russo não passa do Как Вас зовут? ("qual o teu nome?"), Меня зовут Марсело ("meu nome é Marcelo") e das frases básicas que aprendi lendo X-Men (aprendi russo com o Colossus, alemão com o Noturno, portuñol com o Mancha Solar...), direcionamos ela para onde ela queria, o orelhão mais próximo, e rumamos para Tokyo.
Recapitulando: nas primeiras versões do meu vôo, eu desceria em
Haneda, que é praticamente dentro de Tokyo (
deveria estar usando "Tóquio", que é o aportuguesamento do nome da cidade, mas gasta mais caracteres... Pros curiosos, a romanização correta de 東京
é Tōkyō, com esses acentos estranhos em cima dos "o
"), mas aí a British Airways surtou algumas vezes e me jogou em
Narita, que fica quase 60km da cidade¬¬ Ok, tem trem e metrô ligando e tudo o mais, (
pra comparação, aeroporto de Guarulhos fica a 25km do centro de Sampa, mas se gasta mais em taxi que em avião para chegar lá) mas ainda é
longe pra dedéu. Como não entendia ainda o sistema de metrô/trens local, boiei mais ou menos no que acontecia (nem tinha idéias dos valores...) e fiquei admirando pelas janelas do vagão as inúmeras PLANTAÇÕES DE ARROZ entre o aeroporto e a civilização. Pois é, longe. Pra dedéu.
As distâncias dos aeroportos até o meu hotel em linha reta. Mas como ninguém anda de um ponto até o outro em linha reta...Chegamos na cidade, mais ou menos na região onde ficaria o meu
hotel - as ruas não tem nome no Japão (só as principais), então o sistema de endereçamento de lá é
bem confuso para os não-iniciados - pegamos um taxi (
meu único da viagem toda) e o tiozinho taxista se perdeu por quê 1) ele não sabia usar o GPS que era obrigado a usar 2) o sistema de endereçamento japonês é
confuso para os iniciados também.
Por dó, aceitamos que eles no deixasse onde ele mais ou menos
achava que deveriamos descer, e como o celular de meu amigo dizia que o hotel estava poucos quarteirões dali mesmo, fizemos o trajeto a pé (
nos perdendo uma vez ou outra), chegamos e descarregamos a bagagem e tal.
Espécimes típicos de táxisO primeiro detalhe de Tokyo que me marcou foram os taxis locais:
feios de doer, em cores estranhas, parecendo caixotes, com os retrovisores lá na frente do capô. Não é surpresa que os motoristas sentem do lado direito -
afinal, o país usa a mão inglesa no trânsito - nem que nos bancos se usem rendinhas para enfeitar os encostos, mas me surpreendeu pela estranheza de que uma cidade tão
limpinha, tão
eficiente... use uns trecos com cara de
refugo dos anos 70/80 como taxi o.o'
Raríssimos eram os com cores sóbrias ou modelos de carros mais contemporâneos.
Do hotel, fomos à
Akihabara, procurar alguns... produtos para meu amigo e também comprar um
iPad 2 para mim (
o modelo mais barato, ね?): depois de ser adiado por causa do terremoto, o gadget tinha sido finalmente lançado na
véspera da minha chegada. O plano era usar ele para twittar e navegar, roubando
wifi alheio pela cidade. QUASE comprei em Heathrow, onde o menor preço era £388 (
uns R$1.026, segundo o Google), mas deixei para depois achando que os preços dentro do aeroporto estavam inflacionados (
descobri agora que eu estava errado, fora da prisão temporária para estrangeiros o bicho sai por no mínimo £399 (R$1.055) para os súditos da Rainha) e as notícias que li diziam que, fazendo as contas de conversão de moedas rapidamente, no Japão estava mais barato (¥44800, ou R$905).
Então, estava realmente mais baratos e os japoneses acharam o mesmo: os iPad 2 com apenas Wifi tinham acabado em
Akiba (
a forma curta de se falar "Akihabara"), mas dava para fazer reserva - só não havia previsão de quando apareceriam aparelhos novos... Por outro lado, os modelos com WiFi+3G sobravam no mercado, mas fora de questão: eu teria de fazer contrato de
dois anos com operadora local, e nenhum dos lados gostaria de fazer isso :P
Shibuya: tá vendo o letreiro luminoso dentro do prédio? Então, ele é animado :P
Ainda em Shibuya, atenção para o detalhe do semáforo com contagem regressiva (as barrinhas verticais vão diminuindo)(por sinal, enquanto em Recife tem semáforos que mostram os segundos, São Paulo mal tem educação no trânsito...) e pro detalhe da pixação à direita... Sim, existem pixadores japoneses!! Mas não em grande escala como aqui X)Já que no centro dos gadgets (
e outras coisas, depois falo brevemente sobre Akihabara) não tinha, quem sabe numa Apple Store? Fomos para a de
Shibuya... mesmíssima situação: só 3G. E avisaram que estava assim em todas as outras lojas da cidade. Otay...
Shibuya é praticamente "do outro lado da cidade", se usar o mapa do metrô japonês - a Yamanote Line (a tracejada em cinza e branco), por exemplo, passa lá e em Akiba. Ah, clique pra ampliar!
Asakusa: não tão formal ou chique, um ambiente mais vivo que Shibuya, gostei de lá na rápida passagem. Ou as minhas impressões do lugar são efeito do sono XDDe lá, passamos em
Asakusa a noite -
onde o comércio estava a toda e com sinais de que viraria até o dia seguinte - mas acabei voltando para o hotel e dormindo cedo, por quê o cansaço da viagem (e o jet lag) me derrubaram)
Mais uma notinha sobre Asakusa e Shibuya (
o texto acima foi escrito de madrugada e metade dos meus neurônios já estavam dopados): segundo os textos que li, Asakusa é uma das regiões com mais cara de "Tokyo antiga", talvez por isso eu tenha simpatizado com esse canto, já que tem um quê de Centro Velho. Já Shibuya me lembrou a Paulista -
lugar que só comecei a simpatizar quando descobri as livrarias e o Trianon :P - mas sem perceber as livrarias (que (talvez) devam existir) na região.
Ah, sim, Asakusa é onde tem
escolas de samba :D