Oi! =^^=
Aqui é um espaço reservado em que escreveo sobre assuntos que ainda não me sinto confortável em expor tão publicamente, mas quero e preciso desenvolver em texto :)
Assim, sei que não preciso pedir, mas assim mesmo peço: não passem esse link para outras pessoas, não sem falar comigo antes :)
Obrigada,
mushi-san
e-mail: mushisan@yahoo.com • twitter "fechado": @_marcychan • twitter "aberto" e telegram: @mushisan



12/10/2022
Devidamente receitada
Ê laiá, muita coisa aconteceu e minha vida está em um leve caos, então tentarei ser breve para não desanimar em fazer o texto - quando enrolo demais, protelo para sempre, mas não quero deixar de detalhar, porque sou dessas.

Bom, deixa eu contar uma coisa por vez =p

O retorno para a endocrino deveria ter sido dia primeiro de tarde - e ainda acho q poderia ter sido antes =p -, um sábado. Mas na sexta, assim que ia tomar banho, comecaram os agitos que minha intuição dizia que aconteceriam: secretaria ligou, me perguntqndo se podia mudar o horário de sabado, pras 8 da madrugada.
Não, né?
Ok, vou falar com a doutora e já ligo de novo.
E na semana no começo da tarde?
Não dá, as férias acabaram ;_;
Ok, vou falar com a doutora e já ligo de novo.
...e ficou nesa de ir e voltar no telefone tentando me encaixar um novo horario ("e sábado que vem?" "é o dia da mudança de meus pais"): morrera parente de funcionária da clínica e a medica teria de ir ao enterro. No fim de idas e vindas, a sedcretaria disse que a própria médica me ligaria, mas não ocorreu...

Sábado cedo fui lá, desconfiando q não teria consulta. E não teve, mas conversamos rapidamente e fiquei de ligar para ela durante a semana, aí eu teria a consulta de noite.
De qualquer forma, não foi uma viagem inútil: aproveitei, para ir até a Sé, lugar que eu não punha os pés desde a pandemia. Me fazia muita falta. E, de lá, dei um pulo na Paulista e fui para a ultima semana na casa de meus pais.


Outra coisa que intuí, depois dessa quebra de expectativas no sábado, é que as eleições de domingo não terminariam no primeiro turno. A apuração não deve ter feito bem pra ninguém.
Na outra mão, os outros dois eventos previstos pro começo de outubro funcionaram perfeitamente: volta ao trabalho e a mudança definitiva de casas.


Segunda eu voltei ao trabalho e como percebi que não iria entrar em horas extras, decidi marcar a consulta para terça mesmo.
...e comecou outra guerra de marcar horarios =p
Pode ser 17:30?
Não dá, nesse horario eu ainda estou saindo do banco.
E 18?
Em meia hora chego em lugar algum...
E o vai e volta concluiu comigo combinando de estar lá às 19 de quarta. Só faltava receber um ligação para confirmar.
Nesse meio tempo chegou um colega "ei, quer trocar de horário comigo e entrar uma hora mais cedo amanhã?".
Claro!, e foi assim que combinei com a médica de estar lá às 18h =P


Sério, às vezes acho que algo do além está me atrapalhando nessa trilha, dada a quantidade de pequenos impeditivos que apareceram, muitos registrados nesse blog :P
De qualquer forma, aconteceu: cheguei pouco antes do horário, esperei um pouquinho. Ouvi a secretária falar que ia sair um tanto mais tarde e eu fiz um "desculpaaaaa" em tom de piada. No fim das contas, ninguém tinha culpa de nada e tudo estava terminando bem.

A consulta começou, os exames foram conferidos com as broncas e elogios cabíveis e saí de lá com duas receitas: uma era encaminhamento para fono (afinal, minha diccção é ruim E vou ter de trabalhar a voz para ficar menos masculina....)(não, não existe muito o que fazer nessa área. Sem remédios e, até onde sei, as cirurgias são caras e incertas) e a outra receita era a com remédios. Um para diminuir os hormônios masculin♂s no corpo (nesse primeiro momento, numa dosagem bem levinha, tive de pedir para manipular) e outro com feminin♀s *-*


Sim, agora as coisas começam "de verdade", mas a minha ficha não caiu ainda. Em alguns aspectos, eu to meio off de mim mesma, foram tantos pequenos nãos que até agora to meio que desacreditando, se tivesse pego essa receita lá atrás, talvez tivesse comemorado mais.
Fora que emocionalmente fui na consulta com esse espírito de vazies interior acima somado à exaustão de acompanhar a apuração do primeiro turno e sob as tensões de casa, com minha mãe organizando as coisas para se mudar e meu pai sendo ele, menos estressado, o que a estressa mais.


No resto da semana aconteceu de eu comprar os remédios, ajudar meus pais a se mudarem de vez para uma nova cidade e eu tinha de mudar de vez para viver com namorada. E, no sábado...

Sábado narro quando completar uma semana de hormônios ;P


11/09/2022
Temporada de exames, round 2
A segunda semana foi menos emocionante, por assim dizer, mas com sofrência física extra :P

Segunda, o exame era no começo da noite e exigia jejum de oito horas & seis copos de água uma hora antes. Assim, logo cedo virei a porca esganada do café da manhã^^"
De qualquer formo, o tempo passou e no fim o ultrassom da barriga deu em nada. Só que tava tão afetada pela fominha (não era tanta, confesso) que esqueci de fazer a tradicional piada: "é menino ou menina?"

No dia seguinte, o tempo tava frião e sair de casa naquelas condições era prova de que sei o que quero =p
Quando cheguei, depois de tantas visitas, as atendentes já me chamavam pelo nome antes mesmo de eu apresentar documentos. O tal do ecodopplercardiograma era na verdade um ultrassom gourmetizado e durante o exame a médica me contou um causo, de paciente grandão e sério que do nada falou "eu estou grávido!!" e eles tiveram de parar o exame para rirem até sair lágrima, de tão inusitado e engraçado foi a situação X)
E reforçando: além de noite fria, tive de ficar sem camisa e coberta de gel gelado. Brrrrrr...

E na quinta foi boss final, o infame teste ergométrico, na esteira. Fiz de máscara e acho que saí relativamente bem, mas gerei
ácido lático até na alma




Bom, essa foi minha corrida para marcar e fazer os exames o mais rápido possível para ter um retorno na médica o mais rápido possível também =p Quando saí da primeira consulta, não tinha certeza de datas e falei para a secretária que marcaria o retorno depois - sim, sou inexperiente nessa de médicos e talvez meu erro maior tenha acontecido aí.
Odeio telefone, e fiz rodeios até ligar na hora final do expediente do consultório. Talvez por ser fim de dia, talvez pela condução da conversa, a secretária meio que me sentenciou uma data e hora no mês que vem, depois das férias, durante expediente. Como esperava outro tipo de conversa, afinal a primeira consulta foi marcada relativamente rápida e, surpresa!, de fim de semana, meio que travei e perguntei de atendimento num sábado (não é uma condição sine qua non para mim, mas fui pega de surpresa e só consegui pensar nisso na hora) e a data era bem mais distante.
Desanimei, nauqela hora toda a corrida que tinha feito aquela semana e a anterior tinha perdido o sentido. Desliguei o telefone sem marcar nada, e fiquei sem ânimo o resto do dia a ponto de deitar mais cedo e nem escrever. Tirando o e-mail que mandei em seguinda para o consultório como se não tivesse existido aquela ligação, tinha desistido de tudo. Ao menos por aquele dia.

Bom, sou ciente e mais que calejada com o fato de que consultórios raramente lembram de checar a caixa de e-mail :P No dia seguinte, respirei fundo, juntei energias e refiz a ligação: acho que peguei o turno de outra secretária, que conversou melhor, que parece ter perguntado coisas à doutora e, enfim, senti acolhimento e consegui uma data mais proxima e deixei aberta a opção: se tiverem desistência, me chamem. Com pouco de PPP*, consigo antes =p

* poder do pensamento positivo, talvez o mais recorrente antagonista da lei de Murphy :P




Nota: não estou culpando pessoa X ou Y de nada, houve um desencontro entre expectativas e realidade :P E, se estou assim agora, imagina quando hormônios começarem de verdade?? õ.O

Não é a toa que o chocolate tá aqui do lado, de reserva.




Outras notinhas rápidas: • No fim, temo que eu vá mudar de sexo antes dos meus pais mudarem de casa....
• Antes do fim das férias, pensei em contar para colegas, "vou transicionar", mas se tudo parar de novo? (não acho que vá, mas é um espectro que vai demorar para sumir)
• Preciso voltar ao laser. A última sessão que fiz foi em 2018, até anotei "ultimo laser mae notou, achou q tava com alergia no rosto". Nessa perdi quase todos os pelos dos lados do rosto (não tinha muito mesmo :P), mas bigode e queixo (quase todo branco, o que é um problema) ainda são uma selva grossa e que pinica na pele alheia :|
Fora que, nestas vésperas, os pelos no tórax começam a se tornar um problema maior, mesmo com as perspectivas deles afinarem e ficarem menos perceptíveis com o tempo.




E encerro deixando besteira no fim, claro :P (HRT: Hormone replacement therapy, a tal de terapia hormonial :P)




04/09/2022
Temporada de exames, round 1
Como vocês já devem suspeitar, já estou correndo com os exames: não quero perder tempo e estou encantada com o conceito besta "desabrochar na primavera" :P Também estou achando fantástica a sincronicidade (Providência?) de ter achado médica na véspera das férias, então estou com uma infinidade (não, não é, mas vamos fingir que sim) de tempo livre mais meus pais terem ido viajar por alguns dias, o que me deu alguma privacidade nas idas e vindas loucas pelos laboratórios da cidade.

A princípio nem falaria disso aqui, afinal, são exames e todo mundo faz, né? Mas, sempre gosto de blogar na vibe "querido diário" e, mais importante, quando conversei com amiga sobre da quantidade de coisas que teria de checar na saúde:

eu: "Goste dela, mas eh muita examinacao nesse corpinho"
ela: "Bem vinda a vida de mulher! XD"

Então falar de exames ainda está on topic :P




Bom, começo confessando que não estou acostumada com isso de marcar médicos e exames, e mulher me pediu aquele checape total que to adiando desde o século XX :P Fui lá no laboratório com a listona e descobri que tem de marcar tudo online. Mas os de sangue era só fazer um jejum básico de 8 a 12 horas - Senhor, porque uma prova tão difícil?? - , e aparecer. Beleza, a noite fui a louca de marcar exames, quase marquei exames em dois lugares diferentes na mesma hora, e tranquei a boca por doze horas.
Quinta de manhã foram quatro tubinhos de sangue tirados aqui no bairro mesmo e perto do almoço corri para outro canto da cidade para fazer "densitometria" dos ossos.




(Me sentindo o personagem central de Onimai, que era um recluso que não trabalhava nem estudava mais, e que a irmã mais nova cientista genial o transforma em uma garota para faze-lo sair de casa, interagir mais com pessoas, etc. (é um mangázinho divertido, mas bem errado em vários pontos, começando pela premissa :P) Assim como Mihari, minha tendência era de fazer vários nada nestas férias =p)

Antes de voltar para casa, passei numa loja de quadrinhos e comprei duas barras de chocolate 100% cacau me preparando para a TPM que vem aí.




O segundo dia de aventuras, teria evento à tarde: ultrasonografia, um monte delas. Com dificultador: "Acima de 12 anos e adultos: Ingerir 6 copos com água 1 hora antes do exame. Não esvaziar a bexiga após a ingestão da água". Ooook.
Chegando lá, vi que fiz caquinha: eram quatro exames e marquei três, sendo que o faltante também exigia jejum que não sabia. Bom, depois arrumo isso, pego as guias, vou para a espera, eram poucas pessoas, para alegria de minha bexiga inflada. Logo aparece a técnica pedindo meus papeis e pergunta "você está com bexiga cheia?" e respondo um "sim" veemente com a cabeça. "Tudo bem, já te chamo^^'" "por favor >_<"

O exame era na tireóide, próstata e mamas. Terminei ele com tanta meleca do pescoço à virilha que devia estar parecendo participante de pornô ruim. Infelizmente não tive tempo de perguntar pra moça do ultrassom se era menino ou menina, aposto que é menina :P

E me peguei pensando: acho que preciso trocar de gastos, diminuir os quadrinhos, começar a comprar roupas... mas antes quero umas fechar coleções :P




Em casa, marquei o exame que não aconteceu para segunda, então semana que vem será:
• 2ª: ultrassom
• 3ª: ecodopplercariograma
• 4ª: 200 anos de Brasil!!
• 5ª: teste ergométrico
• 6ª: sextou!
No geral, estou animada, tentando sair da inércia. Há algumas coisas amarrando aqui e ali (só to vendo os custos da brincadeira de gênero =p "Virar mocinha vai ser bem caro", disse amiga), mas um passo de cada vez ^^




"Preciso" deve ser uma das palavras que mais uso quando trato de minha vida no geral. Preciso disso, preciso fazer aquilo, se alguém me definir como uma besta, isso é quase preciso também :P
Mas, falando sério, preciso criar uma rotina de criar textos não-ficcionais, e não é só para aqui. Claro que ninguém me pergunta para quê, já que não ganho dinheiro c'essa piromba, e não tenho a resposta: gosto de escrever, tenho pretensões do que escrevo ter valor a pelo menos mais uma pessoa no mundo além de mim mesma* e, se ficar adiando para sempre os temas, simplesmente nunca escreverei nada.

(* o que falo pelos meu material literário, e o de muita gente, também vale para blogagens: a gente está nessa por biscoitos ou dinheiro. Se conseguirmos um deles ao menos, o dia está ganho)




E enquanto escrevia esse texto recebi a notícia que uma moça trans que sigo no twitter (e troquei umas duas ou três palavras no telegram) operou este sábado. Estou meio "isso realmente acontece na vida real? E tão próxima de mim assim??". Estou maravilhada e a invejando ao mesmo tempo.
Agora vem a melhor parte da vida dela, torço muito por isso!!


31/08/2022
Foi sábado agora ^^
Vou dizer que não cultivei muita ansiedade. Quer dizer, fiz uma contagem regressiva dia a dia de quantos faltavam para a consulta, também tinha alguma expectativa do que seria essa conversa - afinal, há relatos aqui e ali, esse é só mais um para a pilha :P - mas foi algo bem contido. Não sei se é a idade, ou simplesmente estou pilotando minha vida em vez de vive-la =p
Na véspera, só não dormi bem porque sinusite atacou e acordei com a mesma dor que deitei. Não recomendo e acho que ainda estou com saldo devedor na cota de sono.
(Namorada disse algo tipo que a sinusite pode ter sido a forma de meu corpo expressar a ansiedade que meu lado consciente nem tomava consciência :P)(mas, vou dizer, as coisas andam tão em banho maria na minha vida, e nessa questão da transição já tive tanto esforço para dar em nada no fim, que devo ter queimado alguns fusíveis na parte que rege as emoções em relação ao que vem)

Tá, talvez eu não estivesse relaxada assim: cheguei no metrô mais próximo do consultório quase UMA hora antes da consulta. Mas, em minha defesa, sempre trabalho com margens grandes, depois ajustando =p E tentei calcular de cabeça o tempo que ia gastar, em vez de, sei lá, dar uma conferida no Google Maps.
E também tive dor de barriga, mas pude resolver isso de forma limpa e civilizada :P. Enrolei alguns minutos a mais na região e fui para o consultório: pequeno, bonito e com uma secretária simpática. O restante do tempo para a consulta passou rapidinho.



Queria dizer que na recepção fiquei relembrando cada uma das vezes que me enfiei numa trilha onde deu em nada estes anos todos - de um serviço que me fez ir até lá só para dizer que ia fechar, de buscas de amiga que só me reforçaram a sensação de estar andando em círculos num labirinto (ela bateu em todas as portas que bati, e as que eu não sabia que existiam atendiam apenas adolescentes). Da estudante de psicologia que foi desaconselhada a me acompanhar. Daquele mesmo serviço que disse que fechou reabrir meses depois, mas na véspera de ir para lá, vi uma matéria tão transfóbica na Record com meus pais que travei e nunca mais fui. Do outro serviço que me tratou de forma tão invasiva por telefone (tipo, ligar pra mim, sem me avisar, é invasivo :P). E o outro serviço, que até que achei simpático, mas que também me informaram que eu não era o público-alvo - mas não, rabisquei alguns escritos e só.

Também não lembrei que tinha esquecido de trazer meias de uma casa para a outra, o que talvez fosse mais um sinal da tal a ansiedade subcutânea :P



A conversa com a doutora foi legal e além da hora prevista. Ela levantou vários pontos e perguntas, claro que nem de longe vou lembrar tudo para por aqui e nem quero por tudo :P Mas perguntas sobre infância, desde quando me identifico como menina, relacionamentos, desejo de filhos, estrutura familiar, minhas experiências... ela levantou algumas possibilidades sobre minha identidade de gênero (a princípio discordo, mas vou acompanhar a profissional), pediu contato do meu psi para conversar e pedir laudo. Contou causos de outros pacientes, me examinou, perguntou de intenção de cirurgias e lembrou que a forma dela de trabalhar é de eu como um todo, não só focar a transição (ou, como ela disse no primeiro contato "O objetivo da minha consulta não é apenas a TH [terapia hormonial] mas o cuidado da sua saúde como um todo, tanto física como emocional"). Claro que frase bonitinha todo mundo faz, ainda mais para vender o peixe, mas saí muito bem impressionada com ela e com quatro páginas de exames para fazer e trazer no retorno.




Ah, também passei para ela o endereço deste blog (oi, doutora^^) e mostrei muitas fotos de chinchilas, gatos e coelhos :P



algumas respostas minhas, algumas que devia ter respondido na hora:
identidade de gênero: não-binária? Nem, não acho que sou. Ela deve ter perguntado isso por eu ainda estar usando o nome de batismo (não bati o martelo) e com roupas masculinas. Mas simplesmente to na inércia da vida de que quero sair, e um tanto insegura, afinal não vivemos os melhores ventos sociais. Eu estar de "menino", na maioria das vezes, me faz sentir como se tivesse com a roupa do avesso. Tá errado, mas não to pelada ao menos.
desde quando me identifico? a ficha caiu fazem alguns anos, esse blog caiu praticamente em seguida ao maior surto de "eu sou". Mas desde a adolescência estou me fantasiando no feminino, geralmente em histórias (esqueci de falar do fanfic de Caverna do Dragão ;P). Afinal, a maioria das minhas protagonistas são mulheres^^
atração por homens? não. Fiz colégio técnico, a proporção era de sete homens por mulher, recebi cantadas de colegas, mas não, nunca me interessei :P
meu corpo me incomoda? Tem coisa que não deveria estar lá =p
Isso, de cirurgia, me parece tão distante e irreal... como a própria possibilidade de eu encontrar uma profissional que me oriente nessa etapa da transição.
Quer dizer, a consulta em si ainda não me caiu a ficha: aconteceu! E assim mesmo, não está palpável. Tenho, materialmente falando, um cartão de visitas e quatro sulfites impressas com cerca de trinta exames para pedir, fora isso ainda é minha vida de sempre, talvez no fundo eu esteja com medo que dê em nada de novo, que surja um impeditivo inesperado, se torne outra trilha que termine numa placa de "faça meia volta, beco sem saída".



(toc-toc-toc, batendo na madeira três vezes).




Nisso de "trinta dias", sincronicidade e transições, os exames coincidiram com as vésperas de minhas férias e a ausência de meus pais por alguns dias. Vou poder marcar exames sem brigar com tempo curto ou levantando perguntas que não estou confortável (quando estarei?) em responder.
Também, aparentemente, estou para me mudar de vez para minha casa com namorada e estou rezando, cruzando os dedos e fazendo campanha para o ambiente do país melhore no mesmo pleito.

E, nesse rolê todo, foi legal chegar em casa e contar tudo o que aconteceu para namorada - que não pode ir, pé torcida. É bom não se sentir sozinha, assim como é bom não se sentir mais jogada no ar como eu estava até os eventos que começaram com a lista de contatos que psicólogo me passou ^^



AimeuDeus, esse texto tá enorme. Espero que as pessoas leiam, porque decidi não escrever a
Michiko e os Paralelos hoje ontem - já é madrugada de quarta - para não ficar enrolando aqui para sempre que nem no texto anterior :P
Só quero pontuar mais três coisinhas e dar um link não-relacionado^^



Doutora foi relativamente otimista (ou ao menos simpática :P) com meus traços físicos (sim, tenho neura de rosto, de ombros de....) e com voz (sinceramente, o que li a respeito não me anima, não como resultado de hormônios). Achei legal isso. Por outro lado, ela comentou do emocional, de eu ficar choronassa em breve. A descrição dela foi de "TPM constante". Vixi.
E isso me lembrou de uma história em que ouvi no último serviço que fui (governamental, o psicólogo que conversei era bem boa gente, mas não o que eles oferenciam não era o que eu procurava): uma trans tomou overdose de anticoncepcional para os efeitos virem mais rápido. A pessoa ganhou uma TPM fortíssima de muitos dias (mês?) e chegou perto de um AVC.

E isso também me fez lembrar da segunda coisinha da lista: mais ou menos quando me identifiquei como menina, outra conhecida também o fez, de forma mais escandalosa. Foi a forma dela, não vou julgar, até porque ela tem outras demandas bem próprias que creio estar bem longe de ter. Mas me lembro que ela twittou algo tipo que o ideal é procurar um médico antes de começar a TH, mas que ela trabalhava com a realidade e... berrei por dentro quando li. Nãããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããão façam isso. Não tomem remédios sozinhas, sozinhos, sozinhes. Sem discussão, intransitivamente.
É caro, é chato achar profissional legal, mas aos poucos as opções parecem estar aumentando. E as chances de dar ruim crescem sem alguém que entende te acompanhando.
Sim, as coisas podiam ser mais fáceis, podia existir mágica, um serviço público com recursos - como em tudo na saúde - podia ter um monte de coisas que só vão acontecer com muita luta e estudo.
E sim, eu tenho pressa também, também quero "ver a mágica acontecer". Mas a realidade, já que vamos trabalhar com ela, é que as coisas podem dar ruim e saúde é uma só. Morreu, ganhou sequela, não tem tela de "contnue". E assim como ningém fica doente sozinho, ninguém morre sozinho e ninguém é preso sozinho, ninguém se estrepa sozinho: a gente leva as pessoas que mais amam a gente para os rolês ruins que nos enfiamos.

Posso não ter lugar de fala para falar de um monte de coisa, de transição e de ser trans inclusive (afinal, ser "não-praticante" é cômodo), mas tenho mais que lugar de fala em "fazer merda nessa vida". E essa fede bem fedida, sentida de longe.



(e sim, eu sei que a desinformação, limitação de acesso e preconceito são desesperadores - e estamos em tempos bravos. Às vezes realmente não há opção. Só que: olhe bem se é isso mesmo, se é hora de quebrar o vidro e as regras, ou se você está apenas reproduzindo uma narrativa alheia como se fosse a sua)



Falei das quatro páginas de exames, né? Falei domingo que tivemos visita em casa que divido com namorada e a conversa foi tão legal, e ainda me deram carona para parte do trajeto até a casa de meus pais, que esqueci de pegar as benditas folhas lá? ¬¬
Enfim, elas estão aqui e quero estar amanhã cedinho na porta do laboratório ;P



Para encerrar, um mangá de meninO trans. Já traduziram para o inglês quatro dos treze capítulos que saiu numa revista (?) com público alvo masculino jovem. Aparentemente a série não vingou (mangás geralmente duram bem mais que isso :P) e imagino que o autor deve ter dado uma corridinha para fechar a trama dentro do possível. Assim mesmo, está legal e fica minha recomendação. After School Mate




20/08/2022
Finalmenteeeeee/o/
Estes dias encasquetei que sou uma pessoa cheia de ritos, de só fazer X se Y acontecer.
Então, fiz uma lista de "objetos mágicos" para a transição:

  • Raising Heart, a jóia de
Nanoha.
  • O remédio que Mihari dá para o irmão em Onimai.
  • Água de Jusenkyou (de Ranma ½, o lugar imaginário que inspirou o visual deste blog =p)
  • O app de Majitora.

São coisinhas de anime/mangá que decidi fazer réplica na vida real. Se possível, também terá:

  • Bandeira das Mahou Shoujo (isso existe por aí e achei legal)
  • A jóia que Minami tem na forma de garota mágica em Majitora.
  • Do clipe I wanna be a girl, a fita de cabelo que o personagem põe.
  • Algo de Sailor Marte, mas acho que já me basta ela em formato SD, que tenho e que me guarda junto de Illyana Nikolaievna Rasputina (na foto, também tem minhas personagens, que quem cuida sou eu, e, well, Glycon).
  • E, ter uma versão material de Coração Ígneo seria muito foda!!

É besteira, sim, mas senti que preciso desse tipo de muleta e se der em algo ou em nada, vai ser divertido artesanar um pouco. Três dos quatro primeiros itens já tenho partes e rascunhos... =)




Começo do mês, talvez fim do passado apareceu na minha cabeça as palavras "trinta dias". Eu estava pensando na sempre parada transição e puf, a mensagem surgiu. Sinceramente, é o tipo de coisa que me aparece na cbeça quando algo não acontece e preciso me iludir que algo vai acontecer, tipo "namorada chega do hospital depois do terceiro carro branco virar a esquina" e, claro, não acontece.
No dia seguinte, de novo "trinta dias". Oooooook. E dias depois, numa sexta, aconteceu do psicólogo me aparecer com uma lista de endócrinos que atendem trans.
Se é um sinal ou não, não vou dizer, mas decici aproveitar a inércia do espírito... depois de curtir namorada no fds.

Na segunda, voltando para casa, ouvi uma mísica brega cantando "♪ você tem menos de um mês ♫". Depois descobri que entendi a letra errado, era "♪ você fez em menos de um mês ♫", mas senti que definitivamente o recado estava dado. Na terça comprei umas coisinhas pra montar a lista acima e me dispus a fazer a pesquisa na lista de contatos, mas namorada torceu o pé e só a noitona, depois de uma maré de pequenos eventos inoportunos, consegui trabalhar nisso:
Primeiro, conferi se algum dos profissionais estava no meu convênio do meu trabalho. Não =_=
Já que era assim, fui para a fase dois, a peneiragem:
Boa parte dos doutores de São Paulo tinham conta no instagram e, como nenhum médico em era alguma parece saber usar e-mail, e ando com paúra de WhatsApp, decidi usar a rede de fotinhas como forma de comunicação (psicólogo veio daí, por sinal). Aproveitei e naveguei os perfis, risquei da lista as contas encerradas ou trancadas. Depois, as arrobas que não falavam de transição foram deixadas de lado - interpreei como amigáveis, mas não especializados nisso. Sobrou tipo meia dúzia de nomes e rascunhei uma mensagenzinha para enviar a cada perfil:

 "Olá, desculpe invadir este espaço^^
 Gostaria de informações sobre disponibilidade de atendimento e valores de consultas para terapia hormonal para pessoas trans.
 Obrigada pela atenção :)
"
...quando vi que três deles te permitiam mandar mensagem sem a necessidade de adicionar o contato como "amigo", e como estava com preguiça, mandei mensagem só para eles.

Na manhã seguinte dois responderam, sendo que uma já foi direta, numa mensagem bem amigável com valores, endereço etc. O outro também foi todo educado, mas pedia para eu contatar no WhatsApp... ^^'''

Enfim, depois de alguns telefonemas e mails, tenho consulta para endócrino marcada, e, se der certo, o mundo que se cuide: as coisas vão começar a ficarem como deveriam ter sido desde o começo ò_ó



No roadmap que pus na minha cabeça, baseado em relatos e relatos, a transição é um treco mais ou menos assim:
1) achar psicólogo, porque vou precisar do suporte para os baques internos e externos. Feito.
2) achar endócrino, para fazer a transição hormonal, que é o que mais faz "estragos" no corpo da gente, o ponto crítico de não-retorno. É nesse passo que estou agora.
2½) procurar fono + aprender a me expressar no feminino (roupas, cabelo, make....) etc + cirurgias estéticas. Aqui são coisas que poderia ter começado antes, mas estou indo e voltando e indo e voltando. Para variar, ponho culpa na covid, mas tem minhas inseguranças etc. O passo dois, espero, vai me forçar a me mexer, porque algumas coisas podem acabar visíveis com o tempo.....
3) lá longe, aquela cirurgia que vocês estão pensando e que nem sempre a pessoa trans faz (por medo de cirurgia, de não achar necessário, etc).

Só que sou lenta, uma parte pela insegurança: pavor de pegar profissional preconceituoso ou simplesmente tosco, de pagar mico social, vide minha dificuldade em assistir "Red" sozinha.
Uma parte porque tenho pavor com telefone, odeeeeeeeio falar. Só consigo trabalhar com público porque não faço muito contato visual e conheço MUITO o "roteiro" das conversas dos atendimentos, então é um terreno que domino e me sinto segura.

E outra parte porque tenho altos e baixos, "menina on" e "menina off". Isso era mais sensível quando ninguém sabia, o desespero de avisar "sou mulher", logo seguido por "é uma besteira, logo passa". Quando me caiu a ficha e comecei a informar as pessoas e ser tratada no feminino por gente querida, essa pressão interna deixou de ser tão forte quanto era. Mas ela ainda existe e entre as fases "preciso procurar endócrino" vem as fazes em que deixo para lá, né? Tá cômodo como estou.
Tem também a questão de eu ainda estar com meus pais e nunca achar um espaço para conversar. Acho que será de boa, mas será estranho.
E também, como já repeti umas dez vezes, tem a pandemia, que atrasou tudo e a todos, e teve momentos meio "deixar de ser eu", sobre os quais até fiz até uma thread que vou reproduzir aqui, porque quero documentado em algum canto além do tuínto:



12:37 AM · Feb 10, 2021 • um insight que teve hoje, talvez seja falso, mas aqui é pra anotar estas cousas mesmo:

Trabalhar no banco estes dias, tá cansativo. E não exatamente de hoje ou de agora que estou sendo esmagada por poucos colegas contratados, multidões para eu atender, etc.

12:42 AM • Na verdade, comparado c novembro ou dezembro, esse começo de ano está um refresco até, com picos ocasionais de loucura. Mais de uma vez tive cliente explodindo na minha frente, por frustração de horas de fila, sol, chuva e ñ ter o que queria/precisava/esperava quando eu atendia.

12:44 AM • Fora a tensão de agência cheia, entupida, fila lá fora dobrando o quarteirão e pressionando para entrar na agência, não querendo saber de nada.

12:44 AM • Covid é tão sólida quanto o homem do saco e máscara é só uma imposição para atrapalhar a vida deles, vinda sem lógica de alguma liderança que só reconhecem por causa do medo.

Esta pandemia está pior, mas sempre tiveram dias ruins.

12:46 AM • e apesar dessa merda toda, inclusive o medo de trazer o vírus para casa, para meus pais com mais de 60 anos, eu tento e pareço manter leveza. A um nível tóxico segundo algumas :P

12:53 AM • e, daí a percepção: eu desligo, me reduzo ao mínimo, quantos menos sistemas estiverem ativos na tempestade de bosta, menos estragos vou ter. Foco no serviço feito, foco na hora da saída, foco em descansar, foco em organizar, foco fazer paralelos, foco no meu 'to do' diário.

12:54 AM • Não dou corda pra frustração, pra medo, pra estresse, pra raiva.
É meu mecanismo de defesa, é bem mais lucro ficar menor e não ter o cérebro comido pela carga de energia ruim que passa por mim.

12:55 AM • só que sou joaninha, né? não um tatu bola. Não é saudável ficar na defensiva sempre, e graças a Deus 1) a tempestade tpa amainando 2) gosto de criar 3) tem terapia :P

12:59 AM • e desde o semestre passado estou mais focada nas minhas histórias. Primeiro o livro, depois decidi fzer ilustrações para ele, depois outras coisas criativas novas aqui e ali, atualmente estou ensaiando voltar às tiras e tem minoridades q estavam paradas sendo reativadas

1:03 AM • e, talvez, pq ainda não entendo meus ritmos e essa thread é uma tentativa de entender, fico também com vontade de me expressar no feminino, ou o que imagino que isso seja. Não que coisa ou outra eu já não tenha incorporado, mas era só coisa ou outra, ñ era hora para mais q isso.

1:07 AM • E estes dias dei comentarios randons sobre roupas e até óculos Eu ter escrito aquilo me deixou curiosa comigo mesma, eu tava relativamente quieta até :P

1:14 AM • Odeio escolher palavras À 1 da manhã, inclusive esse horário faz as coisas parecerem mais grandiosas do que são. E palavras erradas ainda nos jogam lindamente no ridículo.

1:14 AM • Quando eu tava fechada, aguentando as pedras eu só existia na inércia, desligada de partes importantes.
Agora estou num momento diferente e estou gostando muito dessa retomada na criação, e noto que, no processo, o "ela" querendo aprender também a se expressar como ela é.

1:14 AM • é esse o insight, desculpa a volta enorme^^

(é pouco, mas qualquer coisinha pode gerar um furação lá fora....)




(vou dizer que as mensagens acima tem ano e meio, mas ainda tem coisa que ainda estão desligadas, inclusive tive um evento muito chato, talvez traumático na sua forma, lá pela virada de ano que deve ter levantado barreiras, assim como um pequeno conflito que tive no começo do mês)



Mas não vou esticar muito aqui: esse texto está demorando demais para ser escrito (já são alguns dias) e isso significa que o estalo inicial está se dissipando. Fora que, né, ritos: quero escrever esse texto para partir para o seguinte, uma coisa empaca a outra e meu processo de desistência de atividades é bem lento.
Só queria pontuar que estou contando os dias até a primeira consulta - mas sem refletir muito nas expectativas (tenho algumas) ou consequências (tenho meus receios) - e fazendo as contas, por que além de tudo, vão haver gastos e meu bolso não é tão grande assim. $_$

Enfim, uma coisa de cada vez. E, enquanto não consigo dar passos visíveis na vida real, vou montando minhas representações reais de objetos imaginários^^




E, para não perder o hábito de falar besteira, me identifiquei com essa plaquinha:



30/05/2022
Eu poderia ter feito um post sério...
...mas sabe quando você está sem o que falar? Pouca coisa tá acontecendo, sabe? ¯\_(ツ)_/¯
Assim, mezzo pra torturar vocês, mesmo porque estou afim, vou deixar aqui uma HQ:

fonte:
https://twitter.com/paxiti/status/1385231956976148480


E um vídeo, já que não estou afim de sofrer sozinha:
(Mentira, sofri não. Acho fofo, mas com doses cavalares de açúcar)(tem legendas em inglês e talz)




E já que falei de mangás, mais três aqui, em nome do escapismo:
Onimai: homem/rapaz (não sei) é transformado numa garota pela irmã mais nova cientista maluca, já que ele não trabalha, não estuda, só fica nos jogos hentai e ela quer reeducar ele :P É o tipo de série em que a irmã não seria considerada um perigo público se aquele não fosse um mundo em que todo mundo é fofo e amistoso. E o cara está numa vida tão afundada que se virasse uma barata kafkaniana, seria um avanço. Vários capítulos estão em português e vai virar anime.
Ruri Dragon: história fechada (mas que soube depois que vai ser relançada com mais capítulos) em que garota de 15 anos descobre que o pai dela é um dragão. História gostosinha de ler, recomendo.
• E não explorei todas as tiras de Mousou Fragments, que é uma coleção de idéias curtas que viram mangá numa conta do twitter.


02/05/2022
Rascunhos e ligeirices
Tenho uma pletora (palavra bonita, né?) de anotações perdidas que deveriam ter virado post aqui. Inclusive, dentro do twiter "secreto" tem coisa que deveria ter migrado para cá. Sendo assim, vou por algumas delas aqui, sem edição (mas em itálico e negrito), só para não perder os assuntos.

Xxxx fala para cliente q mandou pra mim "aguarda aqui, ELA vai te chamar pelo nome". Amo isso XD: isso, de ser chamada por "ela" (sendo que o mundo NÃO sabe) já me aconteceu várias vezes no banco, especialmente com clientes (eu, de máscara, cabelo comprido e briquinhos de joaninha). Só que essa anotação aí conteceu quando colega que não sabe me chamou pelo feminino. Meu ego agradece XD
"a vida ordinaria vale muito para quem nao vive ela": não vou me alongar aqui, é o tipo de frase que vale para todo mundo, mas nem sempre nos damos conta disso. Há diversas histórias com o tema, com as mais diferentes morais.
• E, parcialmente dentro do tema acima, é engraçado o "choque cultural" de algumas meninas quando pergunto como se faz isso ou aquilo e elas "como assim não sabe?". Não sei, não fui socializada assim. Ainda não faço um coque no cabelo que não termine parecendo um estouro de barragem.
acho divertido qdo colega q sabe vem no mensageiro me falar q vai por protese, no jeito 'é menina tbm, entao posso falar' XD: acolhimento é a melhor coisa, sabe? Mesmo quando você entra numa roubada só por ser mulher, ao menos to no time :P (ok, isso não acontece assim na minha vida, mas a•con•te•ce•rá ò_ó).
• Estes dias tiraram umas fotos minhas e não gostei, e fui reclamar pra amiga que estou feia etc (e, preciso superar, fotos que não controlo me incomodam demais =/ ). Aí fui reclamar com amiga acima e ela tentou me conter "amiga, para, não é para tanto, você não é feia etc" (ela é um doce, isso sim) e eu "você não tá percebendo? To sendo mulherzinha, me deixa :P". É isso :PP




As duas últimas postagens brotaram numa segunda-feira, que é um dia da semana tão bom quanto qualquer outro para tentar manter uma constância de textos aqui, não acham?
O legal de me forçar a escrever, com deadline e talz, é que pratico escrita e, bem, tem este blog falando de transição com mais períodos mudos que períodos falantes (assim como o próprio processo, mas abafa). Constância gera hábito, que (às vezes) gera público. O ruim é que forçar uma rotina em algum ponto desanda: ou quem escreve cansa, ou começa a sair demais do tema, ou se repetir demais.

Mas, o pior, é ficar pensando no que vai dar errado e nem começar...

(...e tão ruim quanto é se prender a uma fórmula e não saber mudar ela quando já deu. Mas ainda não é hora disso ;P)



Por fim, um dos meu brinquinhos de joaninha quebrou =/ Estou guardando ele para ser parte do meu próximo fichário (faço colagens, sabe?), mas é chato. #mimimi



(inclusive, as fotos faladas lá em cima eram em que matei as lombrigas de testar brincos diferentes - e tenho um monte que me deram - e cada vez mais estou gostando dos enfeitadões "verticais" (sei lá o nome que as pessoas dão), só preciso de uma cara nova mesmo.... =PP)


25/04/2022
Vermelha, de Vergonha
Queria que este blog fosse focado em meu (lerdo) processo de transição, o resto do "querido diário" iria para o blog aberto (ou outras redes), mas é complicado dissociar algumas coisas, tipo, estava curiosa com esse desenho aqui



A trama parece interessante, a personagem é similar a que estou escrevendo https://www.catarse.me/mushisan e vale como referência para a adolescência que não tive (e nem teria se fosse cis, a história se passa no começo dos 2000 :P) e é um cartoon com representatividade legal, tanto na escolha das personagens quanto no tema.

Só que, travei logo nos treze minutos porque se tem algo que me dispara todo tipo de gatilho é personagem passando mico público.
Assim: por motivo de tempo, sono, etc, vejo no fim do dia, parcelado. Não assisto muito mais que dez minutos, às vezes bem menos que isso. Inclusive, quem me acompanha em Sailor Moon deve ter percebido que pauso trocentas vezes pra tirar os prints e.... se eu não printasse, ia pausar assim mesmo. Qualquer coisa q vejo sozinha, dou trocentas pausas.
Só que, assim o que é feito para ser consumido de uma vez vira uma experiência diferente. E a Mei (protagonista), tem um mico com a mãe dela numa loja de conveniência, e foi uma sensação muito ruim. Não curto mesmo esse recurso de humor. Depois dessa cena, cada vez que a mãe tomava uma atitude, eu pausava a história para dar um respiro, na expectativa de ter de encarar sozinha outra cena ruim. Como a mulher é quase co-protagonista com a filha, imagina como uma atividade que deveria ser prazerosa estava deixando de ser para mim. Chegou ao ponto de eu, que odeio spoiler, avançar alguns minutos o desenho a cada sinal de que ela ia me incomodar de novo, para ver que tudo ia terminar bem, e voltar onde estava...
Aí, percebi que algo legal tinha deixado de ser, desisti. Talvez eu devesse terminar de ver de dia, mais desperta. Ou com outras pessoas, a história parece merecer ser vista.

O recurso de "humor" em que personagem paga vexame público acontece bastante. É um dos motivos para eu ter parado de ver My Little Pony, faz anos deixei Spike fazendo papel de ridículo sozinho no meio de um estádio olímpico, e Um Dia retomo.





E não estou falando de "vergonha alheia", conceito que inclusive não gosto. A questão é que em qualquer história a gente se projeta nos protagonistas...



Estes dias família viajou e pensei em comprar maquiagem básica, talvez alguma bijuteria, para ficar diferente em casa, sozinha. Fácil, né? Exceto que, para isso, teria de ir em loja, interagir com lojistas, ainda mais eu sendo fora da curva.
Ensaiei, ensaiei, ensaiei. Desisti.



Psicólogo conseguiu indicação de endócrino, é tipo o Grande Passo nesse processo. Fácil, né? Exceto que o e-mail dele volta as mensagens e, bem, a alternativa é... ligar =x
Não pretendo desistir, deve ter outros canais de comunicação. Mas não será fácil. É por isso que me identifiquei demais com a Nanami.....



18/04/2022
Mais mangá =p
Por causa de Magical Trans, me enfiei num grupo de Discord dos tradutores em que mais vejo do que falo. Não é exatamente o ambiente que considero mais saudável - a pastinha de NSFW se sentiria em casa nos rincões mais estranhos do falecido Deviantart - mas na pasta de mangá, e a de animes, às vezes aparecem coisas muito legais.



Aí caiu no meu radar Boku ga Watashi ni Naru Tame ni ("Para eu ser eu", segundo o Google. A língua japonesa tem a sutileza da primeira e segunda pessoa terem pronomes que indicam gênero, status social, etc do falante. Do pouco que sei de japonês (e fui conferir na internet), "Boku" é uma forma masculina e informal de se dizer "eu" e "watashi" seria a forma mais comum e neutra (apesar do site citado indicar que há alguma feminilidade no uso :P)), que é uma passagem autobiográfica da autora, Hirasawa Yuuna, quando ela foi fazer a cirurgia de redesignação sexual na Tailândia.
É um mangá curtinho, oito capítulos, que narra a chegada dela no outro país, o pré e o pós-operatórios (dores, muitas dores), alguns problemas que teve, algumas explicações didáticas sobre a cirurgia (que nem todo ou toda quer ou precisa fazer, mas não vou discutir isso aqui)(quero :P), sobre a burocracia japonesa para mudar legalmente de gênero e algumas reflexões sobre a transição e esperanças para que tá começando a trilha. Não é um mangá que fala sobre a autodescoberta ou com as lutas para ser reconhecida entre as pessoas do convívio dela (mas há uma pincelada aqui e ali), inclusive tem várias cenas engracadinhas (e algumas observações que talvez seja choque cultural ou preconceito da autora), mas é um testemunho que achei bastante válido: quanto mais pontes forem construídas, melhor.
Para quem quiser ler, está aqui, infelizmente em inglês apenas.^^

(e a autora tem outras obras, uma delas de FC, que pretendo conferir)




Do mesmo autor de Magical Trans, tem Bro Girl. É uma bobeira, slice of life, mas o casal secundário que apareceu foi uma grata surpresa. Falta só traduzirem um capítulo para encerrar. Outra bobeira que tem lá graça para quem quer cruzar fronteiras dos gêneros é "A Manga About High School Boys Who Woke Up As Girls One Morning", e o título entrega a "trama" toda :P

(inclusive sou muito fã dessa onda de títulos enormes que contam a história toda :PP)

Infelizmente, todos os mangás aqui estão em inglês também :|




Para encerrar, meu vício atual (que não deve durar semanas) é Hanging Out With a Gamer Girl. Apesar de ter um personagem menino que às vezes se disfarça de garota, isso é mais um recurso usado de forma absurda para a série andar do que uma expressão de gênero do personagem. Minha identificação MESMO é com o pavor social de Nanami, apesar que o caso dela ser extremo.
É uma comédia de dia a dia, "nada" acontece (nem mão na mão), com capítulos curtos. Talvez mereça uma análise melhor depois....
Esse estou acompanhando em inglês aqui, apesar que alguns capítulos estarem com problema (tipo o primeiro, que falta páginas), aí confiro nesse outro site aqui com resolução menor :P Ah, descobri que tem em português também, mas acabei me acostumando com a versão gringa (que, inclusive, tem para download no telegram)...



14/03/2022
Eu, ao vivo, fora da tela
Comecei a fazer terapia por causa da transição, no fim a terapia me destravou mais meu ímpeto de criar (não que eu ne considere criativa, constantemente me pego repetindo cacoetes e reciclando truques alheios) do que qualquer outra coisa.
Daí, estes tempos ando empolgada com uma personagem minha (as pessoas próximas notaram bem antes que eu mesma meu hábito das minhas protagonistas serem mulheres) e meu tempo que já é arrendado entre trabalho, resto da vida acordada e resto da vida dormindo, ficou menor com "escrever a Michiko".

E assim se esvai, de novo, meu foco em escrever aqui com alguma constância.^^''




Me apresento com mulher na internet, a ponto de algumas pessoas mais espertas que me conhecem do "mundo real" terem notado sem eu dizer nada. Tenho longas conversas no feminino, amo ser a "a", mas não sou a neurótica de ficar corrigindo todos os "o".

Mas, aqui no mundo feito de átomos, as pessoas em casa e no serviço geralmente me tratam como "o", não tive coragem ou contexto para abrir o jogo, e sei lá se vou conseguir. Odeio holofotes constrangedores, odeio me explicar e ando tão cansada da vida como ela é, que não queria mesmo gastar forças com isso.

Aí, to com essa "cara de tiozão" na vida real, como defino às vezes. Às vezes podo pelos aqui e ali (nessa temporada a minha atenção esté nas sobrancelhas), faço algo besta "proibido para meninos", mas é só relaxar que em poucas semanas tudo volta perto do que estava antes. Amo meus brincos, não vivo mais sem eles, mas esse 0,000001% de fofice não muda todo o resto. Os cabelos estão descolorindo (na verdade, a tinta já era mesmo, faz tempo) e uma hora dessas retocar.
Me sinto grosseira.

E me sinto mais grosseira quando reencontro gente que sabe, depois de meses, e estou com a mesma cara de antes, as mesmas roupas de antes, a mesma voz que antes. Não mudei, sou mulher apenas de forma declarada.

Ao menos as histórias estão indo, mesmo que só gente legal as leia. Mas me sinto estagnada.




Tento não pensar em dinheiro. Quantas sessões de laser vou precisar? E consulta para endócrino (que é minha protelação master, tenho medo, pavor, horror, insegurança de encontrar um péssimo profissinal), quanto sai? Hormônios? Fono? Minha dicção sempre foi uma lástima, sempre odiei falar e minha voz está cada vez mais me incomodando.




Notas contentes:
1) namorada me comprou vestidinho pra ficar em casa *-* Guarda roupas é outro problema, tanto de saber escolher quanto de custos :P
2) e mãe me comprou creme pra cuidar do cabelo!! Fico pensando se ela suspeita ou o quê? Talvez seja só "o quê"... sinceramente não sei lidar em me explicar.
3) michiko tá legal e escrita de forma menos fragmentária que aqui :)


30/01/2022
Anotação
Mãe genuínamente preocupada de morar longe dela e não ter a marmitinha certinha, a roupa passada como ela acha que tem de ser, etc. Vou dizer que haverão estranhamentos e adaptações, sim, mas acho que contorno/aremos e sobrevivo/eremos, etc e talz.
Mas essa preocupação dela agora me preocupa, porque se tá assim, imagina quando Algo Maior Que Não Conversei vier à tona.... =x


29/01/2022
Brincando
Fiquei sem internet uns dias, aí quebrei meu ritmo aqui. Acho curioso que toda vez que algo "bobo" me quebra (falta de internet, estresse), demoro até meses para me recompor, e não volta ao que era, porque além do que eu estava fazendo, tenho de retomar tudo o que parei e, bom, sou uma só.
Minha vida é um monte de coisas legais paradas, às vezes jogadas fora depois de algum tempo, porque estragaram na espera.


2022 tá prometendo ser o ano de algumas transições: moro com meus pais, na mesma casa, praticamente desde a adolescência. Alguns anos atrás comprei apartamento com namorada, mas pandemia quebrou minha mudança para lá. Agora meus pais compraram outra residência noutra cidade e estão a ponto de se mudar para lá, e namorada vai ser obrigada a viver comigo todos os dias. São praticamente duas transições (lugar e companhia) num pacote só, e isso vai desencadear um monte de outras mudanças, tipo modo de chegar ao trabalho e horários, a rotina como um todo. (O fantasma da "quebra" está previsto e estou tentando contornar ele desde já).
E estou colocando essa perspectiva de mudança de vida para fazer a transição que realmente me interessa realmente andar.
Mas aconteceu outra transição, inesperada e desagradável: depois de praticamente uma vida, me tiraram de minha agência onde estou desde que comecei a trabalhar na firma para me colocarem em outra. Ainda é próxima e tem lá suas vantagens, mas ter a vida mudada à revelia por burrice de gente com poderzinho não é uma sensação agradável, ainda mais na semana do aniversário.
Mas, na despedida ganhei um par de brincos de joaninha e não largo deles até agora (literalmente, estão confortáveis para dormir, então nem tiro).


Sim, são joaninhas. Tartarugas não tem seis patas, ok? :P


Foram algumas meninas do banco que me deram, uma ou outra sabe que sou menina também, mas fiquei contentinha apesar de toda minha puticedavida com a situação. E fui trabalhar na agência nova com eles :)

Outro motivo por eu não largar deles é minha desatrabilidade: certa vez, no computador, senti que um brinco tinha sumido. Repassei mentalmente onde tinha ido, e encontrei o brinco caído no banheiro, deve ter caído quando tirei a camiseta. Na queda, a pedrinha se separou do corpo da joia, mas tudo bem... e faltava a tarrachinha.
Continuei andando de trás pra frente onde tinha passado e achei a bendita caída perto da minha cama. Peguei as peças, tirei o outro brinco e com um pouco da experiência de que usa brinco a mais tempo que eu (manhêêêê), remontamos. Por algum motivo, não vesti os brincos de volta e pus eles em cima de uma lupa (além de brincos, preciso de óculos). Aí, certa hora precisei da lupa... e saiu tudo voando =_=
Tranquei o quarto pro gato não entrar, cacei as peças tudo de novo, tive de desligar o computador porque uma tarracha tinha ido parar entre os fios...
Ao menos agora tenho história pra contar :P


Isso que dá enrolar para escrever aqui: aconteceram várias coisinhas que para mim são importantes e não registrei.
Queria brincos, uma vez que tomei coragem, fui com amiga... e a pessoa que furava não estava no local. E, como sabem, tenho surtos de fazer, e se não der certo, entro em um "deixa para lá, depois eu faço".... enfim, deixa eu por conversas minhas via IM que falam melhor de mim do que forçar uma narrativa de blog:

[20dez19 10:21] eu: acho q consegui sabotar uma auto-sabotagem
[20dez19 10:33] RKN: qual?
[20dez19 10:52] eu: entao, tem a questao dos brincos: toda vez que decidi fazer, desisto quando to chegando perto de algum lugar que fura: vergonha, preguiça de lidar com ansiedade de lojista (minha energia social é bem baixa :P), timidez, ou simplesmente a pilha acabou.
Comentei com amiga roqueira, q tem piercings até, ela indicou outra amiga q trabalha no Ligth.
Marquei com ela furar e por brinco discreto amanha, fim ;P
[20dez19 10:54] RKN: oia!!! q legal!
[20dez19 10:55] eu: 'dessa vez nao escapo', pensei Xd
e nem contei pra namorada, amanha ela descobre :)
[20dez19 10:57] RKN: rsrsrs isso! surpresinha!rs
[20dez19 11:00] eu: .....e to feliz de boba :)
[20dez19 11:01] RKN: aaaaaaaaaaaahhh q delicia ne!
[20dez19 11:09] eu: siiiiiiiiim :)
[20dez19 11:17] eu: pedi algo discreto na orelha, pq vou ouvir XD
[20dez19 11:22] RKN: rsrss se for mto discreto nao vao nem perceber rs
[20dez19 11:30] eu: vai ser bolinha de aço, por 30 dias

E fui. Os furos foram rápidos e mal me lembro da dor, tem coisas que doem mais. A tarde criei alguns espantos, meus pais estavam viajando na época e minha mãe me perguntou espantada e ficou por aí mesmo. Demorou um tempão pro povo do serviço perceber, tinha colega que demorou mais de ano pra isso X)



Quando estava segura, testei em casa outros modelos :P Confirmei que argolões são realmente lindos, mas descobri que são um perigo para quem curte ficar arrumando os cabelos com a mão, o risco de eu enfiar o polegar num deles e puxar toda a orelha no processo é grande. E também me descobri curtindo aqueles brincos mais enfeitadinhos com coisas penduradas, até agora tenho uma queda por enfeitinhos.... mas que estou me contendo por questões pessoais e pela minha capacidade de desastre. Lembrem-se dos brincos voando acima ^^"''
(E, quando usei um anel fofo enfeitadinho, etc, ele vivia "pegando" nas coisas ou me arranhando =_=')


Falando em lupa, que modelo de óculos ficaria legal na minha cara?


E vi que hoje é dia da visibilidade trans, mas não me sinto em lugar de fala, por que sou mais "não praticante". Nem como homem, porque não sou, e nem como mulher, porque raramente tive vivência real no meu gênero.
Quem sabe na próxima data? Ou na outra....


06/01/2022
Tenham paciência, to procurando minha voz aqui :Þ
Sonhei que comprei um tênis/sapato, xadrez vermelho e preto... acho que era aquele padrão de xadrez imitando estampa de kilt.
Tenho impessão que sonhos na verdade são mais amaranhados de conceitos que imagens de verdade... mas estou dispersando.
No fim curti o calçado, mas achei ele gritantemente feminino demais pro meu mood de ir avançando aos poucos.
E minha mãe fala algo t "não acho, é só tirar o laço que enfeitava". Bom, era um bagulho feio e exagerado, mas não, não tinha intenção de tirar.

Opinião de amiga: "Emoooooooooo xD"
Eu: "Considerando q sonhos sao seres noturnos, faz sentido"

(E não, não compraria um calçado assim :P)

Pensando aqui qual a sensação de "finalmente" pintar o cabelo. E eu penso: muitos banhos, cheiro de xixi (a amônia do descolorante), muita conversa durante o processo e "uau, ficou foda!"

Acho que a melhor parte, de longe, foi socializar, estar com gente querida fazendo algo que quer (mesmo sendo algo nada fantástico)(fora as cores em si). E a melhor parte, depois, foi
postar no insta e outras meninas aparecerem para trocar figurinha :P


Magical Trans, capítulo 9 :P
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