(por Chris Claremont e John Bolton)
Depois de décadas acumulando, percebi que cheguei no teto :P Assim, ultimamente ando lendo material mais curto ou sérios candidatos a serem vendidos, sendo que para esses digo “surpreenda-me ou tchau”. E esse gibizinhão que vou resenhar está na segunda categoria =p
Chris Claremont é um velho conhecido meu, alguém querido que ainda quero encontrar ao vivo, pedir um autógrafo e dar um abraço por ter escrito a melhor fase ever dos X-Men, ter feito eles serem alguém na mídia, ter criado os Novos Mutantes e feito da Mansão Xavier a casa onde me refugiava na adolescência. Mas também sei que ele é um autor limitado, com manias pra lá de mapeadas, é verborrágico e que precisa de anos de preparação para fazer as coisas funcionarem à contento. Às vezes quase que agradeço ao tradutor Jotapê Martins por ter diminuído a quantidade de texto por página de suas histórias para caber nos gibis em formatinho da Abril.
Dragão Negro é uma história de fantasia com pinceladas de fatos históricos. No século XII o personagem James Dunreith, volta à Inglaterra depois de um longo exílio. Lá ele é incumbido de uma missão, tem algumas visões com o dragão negro do título, salva uma donzela (com personalidade, mas:) em perigo (2x, pelo menos) e tem insinuação de romance em menos de dez páginas com a moça. Nada excepcionalmente criativo e que aos poucos vai fechando a cartela do bingo dos claremontismos, mas era uma HQ bem conduzida e se saindo melhor do que esperava...
Até que Claremont meio que ousadamente tira o par central da cerne da história e ela “pula o tubarão” para mim. Talvez funcionasse se a cena fatal fosse escrita de forma menos apressada e com um desenhista com um pezinho na narrativa do mangá (lembrem-se, é uma história de 1985, antes dos quadrinhos japonesas chegarem em massa). O que temos é algo abrupto, sem sentido e os personagens que sobram (ou o que sobra dos personagens) não tem carisma. A trama tenta ser grandiosa, mas implode epicamente por falta de estrutura.
# Veredicto: vou por à venda.
# Bom: John Bolton é um excelente desenhista (apesar de ele tentar quase que com sucesso emular Bernie Wrightson em uma cena) e a arte em preto em branco casa muito com a arte dele.
# Mau: ...problema do Bolton é que o design "metálico" dos seres corrompidos não orna, assim como o visual "fada" de alguns personagens. Já do lado do roteiro, além do que reclamei, tem bastantes do vício do autor que menos gosto: personagens monologando e refletindo sobre as escolhas que fez, sobre se é isso ou aquilo e o que isso significa....
208 páginas • R$ 69,90 • 2019 • compre no site da editora
Claremont vai na CCXP. Se fosse outro evento, ou se me colocassem lá dentro na faixa, eu iria direto tietar o autor. E, sim, é um escritor bom com limites (ainda vale um textão sobre o que penso dele), mas pouca gente me moveu a ter isso:
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