(por Inori)
Resenha do livro 1
Sabe, essa é uma das resenhas que queria ter feito um tempão atrás, mas NUNCA achava o tempo necessário para por as idéias de forma correta. Sorte que fiz toneladas de anotações durante a leitura (agradeço à Biblioteca da Ursal no telegram por aturar algumas delas), que vão me ajudar bastante, mas, mesmo assim, a resenha não vai ficar tão boa quanto o livro merecia.
Desde já, peço desculpas =_=
Antes de começar a resenha propriamente, queria comentar três coisas:
1) Como a série em inglês se chama “I'm in Love with the Villainess”, volta e meia acabo falando de “Me Apaixonei Pela Vilanesa” ou só “Vilanesa”. A palavra está erradíssima em português, nem o dicionário me salva (mas além de “vilã”, me informa que existe “viloa”, que é mais feio ainda). Mas estou nem aí: vou usar a palavra errada aqui e ali nas resenhas futuras.
2) Antes de conhecer essa série, conhecia outro anime (que também é adaptação de história seriada): HameFura, abreviação de 乙女ゲームの破滅フラグしかない悪役令嬢に転生してしまった… (Otome Gemu no Hametsu Furagu Shika Nai Akuyaku Reijo ni Tensei Shite Shimatta...)(“Eu reencarnei em um jogo otome como uma vilã com apenas bandeiras de destruição...”, sendo que “bandeira” aqui significa algo tipo “sinais”. Inclusive quero pontuar que amo estes nomes compridos de algumas histórias :P). Nele, assim como na história da vilanesa, a personagem morre na Terra e reencarna no seu jogo favorito. Mas dessa vez, como Catarina Claes, a vilã que está fadada a morrer ou ser exilada em TODOS os finais do jogo. E ela faz de tudo para evitar esse destino :P
Recomendo muito a primeira temporada do anime, a segunda é dispensável, imho, mas queria falar que é curioso ver, em um primeiro momento, a repetição de arquétipos de personagens em ambas as histórias. Mas elas logo divergem.
3) Isekais estão na moda. São histórias em que pessoas são transportadas para outros mundos. A grosso modo, Mágico de Oz e Caverna do Dragão são isekais (e existe a piada que Superman também é, afinal ele foi jogado de Krypton para a Terra) e existe uma longa tradição de animes e mangás com essa temática (RayEarth, Fushigi Yuugi). O que é preocupante atualmente é que em muitos isekais a personagem tem uma vida normal no Japão e MORRE, sem possibilidade de retorno e tem uma vida mais legal do lado de lá. Como há muitas histórias com essa estrutura, é sinal de que algo não está bem na sociedade a ponto dos leitores procurarem esse tipo de fuga.
Vamos ao segundo livro então mas, um aviso antes de começar: evitarei spoilers ao máximo, mas eles acontecerão.
Sendo assim, estejam avisados, avisadas, avisades =P
O primeiro capítulo do volume (e o quarto da série), “Balança da Paixão”, um capítulo menos slice of life e onde surge uma rival para Rei: Manaria, uma princesa de outro país, que desde criança abalou a (suposta) heterossexualidade de Claire - e que, contraditoriamente, torna canônica as esperanças românticas de Rei :P Mas a rival é odiosa, superpoderosa, altamente competitiva e o capítulo entra no clichê ruim de por o coração de uma pessoa como objeto de disputa sem perguntar para ela.
Mas aparece aqui um trecho pelos olhos de Claire (acho que o primeiro e um dos poucos nessa fase) e Rei só supera a rival por ser muito viciada em Revolution e conhecer cada detalhe obscuro possível do jogo onde, literalmente, foi enfiada =p
“Férias” é isso. Nesse capítulo as personagens vão para uma cidade litorânea, tem uma aventura (a autora não é lá muito boa em descrever combates...) e aqui se abre espaço para aproximação entre Rei e Claire. E mais importante ainda: a nobre começa a ter consciência social, do quanto ela é privilegiada e tem uma vida confortável (apesar de que, por mais que eu simpatize com a autora, o conceito dela de pobreza é bem light comparado com a realidade que vivemos... bom, valeu =p).
N“O Segredo de Yur”, o terceiro/sexto capítulo, temos dois pontos altos altos da série toda: um pequeno diálogo sobre homossexualidade x religião que é quase uma aula e um precioso flashback da vida passada de Rei, quando ela se descobriu lésbica. Imagino que tenha uma forte dose de autobiografia aqui.
E também temos uma forma mágica de resolver disforia de gênero (invejinha), evento que nos leva à parte seguinte, “Palácio”, em o rei põe Rei (:P) para caçar corruptos, esta se lembra que teve um emprego na outra vida e aquelas habilidades podem ser úteis aqui :P E as conspirações e o cheiro de revolução (afinal, esse é o nome do jogo situado naquele mundo e isso não é a toa) está cada vez mais forte.
Até que, cabum!, chega o capítulo “Revolução”. Ou algo assim.
Me Apaixonei Pela Vilã é uma novela, com monte de personagens e subtramas. Algumas são esquecidas e são jogadas na tua cara quando você menos as espera e tem gente que você achava escrota que na verdade era o contrário disso. E nesse arco final tem encrenca, tem encontros, tem desencontros, tem personagens teimosas sendo mais teimosas. Temos a descoberta de que a capa do livro é uma mentira! (ao menos na primeira vez) E temos muita farofa, com todos os amigos aparecendo de longe para testemunhar o final fofo e feliz. Parabéns para a autora pela sinceridade =p
Livros com finais fofos são sempre necessários!
# Veredicto: melhor que o primeiro. Emprestaria e emprestei os dois volumes, inclusive a série foi minha “renascença” para a leitura depois de um longo hiato por causa da pandemia.
# Bom: a escrita da autora melhora - mas ainda é amadora, o que aumenta minha identificação com ela :P - e soube trabalhar a aproximação entre as personagens. Fora que quando ela põe suas próprias experiências e opiniões nas personagens, ela acerta e muito.
# Mau: além da revisão, o problema mais gritante é a encadernação ruim desse volume: meu exemplar está quase que se desmanchando sozinho. Também é chata a incapacidade da autora em marcar os diálogos, volta e meia ficava perdida com quem falava o quê, e a de criar tramas políticas realmente interessantes. **Inori** tem bons planos, mas executa de forma grosseira. Agora chato, mas CHATO mesmo é a forma anticlimática de como Rei conta para duas personagens a sua origem, de como sabe tanto daquele mundo... e a reação dessas pessoas.
520 páginas • R$ 59,90 • 2022 • no site da editora
Nota: esse trecho deveria ter ido para a primeira resenha ^^'' “Lembrando que a autora é amadora, tem limites visíveis, não tá fazendo uma revolução, mas apenas escrevendo uma boa historia. E tem diálogos que gostei pela franqueza.
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