Oi! =^^=
Aqui é um espaço reservado em que escreveo sobre assuntos que ainda não me sinto confortável em expor tão publicamente, mas quero e preciso desenvolver em texto :)
Assim, sei que não preciso pedir, mas assim mesmo peço: não passem esse link para outras pessoas, não sem falar comigo antes :)
Obrigada,
mushi-san
e-mail: mushisan@yahoo.com • twitter "fechado": @_marcychan • twitter "aberto" e telegram: @mushisan



10/09/2018
Tô viva, tô de férias
E to irritada com minha lerdeza em escrever. Não a lerdeza entre uma postagem e outra (apesar que sinto ter alguma ~maldição~ de meio de ano nesse blog em que fico em silêncio por motivos que não decifrei ainda), mas a de compor textos. Gasto HORAS, agá ó erre á esse, horas para fazer uma newsletter, ou post no blog aberto. Ou, pior, escrever um roteiro, conto, livro, estas coisas assim com letrinhas enfileiradas em páginas.
Defeito fatal para quem sonha em trabalhar escrevendo.
E essa demora me desanima em relatar aqui quando tenho pouco tempo, já que qualquer tema bobo me dá a trabalheira de uma saga inteira. =/

É isso que queria dizer.
Revendo o blog, nas últimas postagens matei vários temas que queria falar, talvez seja por isso que não tinha mais o que escrever aqui :P Só que tenho o que falar sim, tem coisa que aconteceu, tem coisa que não aconteceu e tem coisa com expectativa para acontecer.


estes dias tive de trocar, de novo, de caixa para guardar minhas coisinhas

Aí pensei em fazer um postzão com fotos, mas decidi fazer uma sequência de textos curtos, no mínimo mil caracteres - ninguém lê uma muralha de textos, os famosso textões.

Ah, ressussitei meu fotolog (alguém se lembra disso?), meio para postar coisas relativas à transição. Como é uma rede meio abandonada e a conta está lá mesmo, decidi fazer a experiência. ^^


11/05/2018
Se parar pra pensar, joaninha :3
Joana nasceu Juliano. Mas desde os cinco anos de idade, a criança utilizava 'Joana' como nome social na escola.

Ia enrolar pra postar aqui, mas apareceu essa matéria tão legal na BBC que decidi por link aqui também, inclusive pra tirar um tanto do gosto ruim da outra que postei no
níver do blog.

A história da primeira criança trans que conseguiu alterar os documentos no Brasil

(roubei a fofa arte da matéria, de Clari Cabral)


08/05/2018
Internalizações
"Novo gênero, novas regras", assim tenho de cambiar um conjunto de comportamento, atitudes, vocabulário etc para outro. E como trato minha "transição" mais como uma trilha que ando com calma (talvez até demais algumas vezes) do que um "se joga miga", estou aos poucos mudando aqui e ali. É algo mínimo no meu desenho atual, talvez seja até bobo, mas queria falar disso no blog ^^


Primeiro queria falar sobre algo que não funcionou: maquiagem. Eu até comecei a carregar e usar corretivo para apagar algumas manchinhas antes de sair de casa, mas acabei parando. E tem dois motivos para isso: 1) o laser me faz evitar colocar qualquer coisa na pele por uma semana ou mais a cada mês. Isso quebra qualquer rotina que está começando. 2) no começo eu tinha só um estojinho de coisas femininas, que escondia no gabinete do PC. Depois virou uma bolsinha maior, que semi-cabia no mesmo lugar. Atualmente está tudo numa caixa plástica acima do guarda-roupas, pq minha quantidade de meninices cresceu demais pra um estojinho :P Mas fica complicado demais ficar pegando lá.
Talvez esteja chegando tenha passado a hora de eu transicionar minha bolsa por dentro, só um cadin que seja ;) Ao menos o corretivo e um batonzinho, que eu já devia ter tomado coragem faz tempo para usar em áreas mais seguras, tipo avenida Paulista de sábado à tarde.

Outra coisa que tá complicado pra mim, me gera muito ruído mental e sdsdgfsaSDFW%Eg&aiAAawngÿasnsdERRORR é beijar rosto masculino. Mulheres beijam rostos de homens e mulheres, homens só beijam rostos de mulheres e para mim tem entre estes dois mundos um canyon maior que o que separa São Paulo de Osasco.
(ainda sou muito menino e muita coisa pra brigar dentro)

<tmi>Você sabe que internalizou ser menina quando fica segurando a bexiga porque ir ao banheiro dá "muito trabalho" XD</tmi>. Pois é, isso de " fazer xixi é sentada" tá automático o.o' (em casa, claro. Em banheiro público masculino não dá... e já me avisaram que "ninguém senta em banheiro feminino")
(E descobri que sentar e xixizar com sono você corre o risco de ficar e dormir ali mesmo....)

Pronomes, nomes e outras palavras.

Aqui é um reino mais complicado. Além de tudo, socialmente eu transito entre "ele" e "ela" várias vezes por dia, dependendo do ambiente - e namorada vai junto na confusão. Domingo agora ela falou "foi ela" para meu pai, que não sabe ainda, mas que também não percebeu :P
No dia a dia às vezes solto um feminino bem baixinho, as pessoas não percebem (e minha dicção péssima ajuda nesse caso :P), e me esforço muito em usar o neutro em vez do masculino. Inclusive, praticamente parei de usar o masculino no twitter aberto faz um tempo (já devo ter dito isso aqui, sou repetitiva), transitando entre o registro neutro e o feminino. Não vê quem não quer.
Inclusive, nesse exercício de transição de registro de gênero, às vezes eu releio textos antigos meus e fico tentada a trocar tudo pelo feminino. Ou tentando ~corrigir~ tweets de colegas homens pro feminino ¬¬'

roubado
daqui :D

Outra coisa esquisita é que quando uma pessoa "nova" em minha vida me chama pelo feminino, acho natural, mas ainda estranho quando amizades mais antigas me fazem essa delicadeza :) "'Ela' quem? Ah, sou eu!!". Bom, esse tilt só acontece ao vivo praticamente (menos na internet), e prefiro assim =p
Como sou chamada de "mushi" (com acento no "u" ou no "i", com sufixo "san", "chan" ou nenhum) há mais de vinte aninhos, então não ligo quando não me chamam de "Marcelo", ou quando me chamam de "Márcia" (ok, esse nome tá raríssimo na vida real). Na verdade, acho que fico na mesma regra dos pronomes: gente "nova" eu estranho mais que gente "velha" me chamando, assim como é estranho meus parentes me chamando de "mushi" (aconteceu raramente e me senti mais estranho que Marty McFly beijando a futura senhora McFly) ou gente que me conheceu pela internet me chamando pelo nome de batismo :P
Mais um ponto discretamente atrapalhante é que "o" e "a" tem pesos diferentes na musicalidade fala. Começo uma frase e no meio dela to corrigindo o gênero de palavras e o jeito de dizer o que eu ia dizer. E às vezes falava pra mim mesma, pensando alto, "marcelinho, mascelinho, você tem de xxxxx"... e "marcinha" não é a mesma coisa, falta um pedaço :P Bom, não é nada crítico, mas é esquisito. Lembro uma vez um experimento que se colocar uma cadeira em determinado ângulo, homens não conseguem levanta-la sem ajuda, mas mulheres fazem sem problema, porque o centro de gravidade de seus corpos são diferentes. De certa forma, trocar algumas vogais de lugar parece mudar o "centro de gravidade" do que falo, mudando algumas dinâmicas.

E me estiquei demais aqui, mas uma última: namorada começou a me chamar de "gata" e reclamei. Ela disse: "chamo todas minhas amigAs assim, não reclame". E tive de aceitar :P
notas:
1) brinquei que devia fazer uma vakinha pra transição: Quanto? muito. Quando? Vai demorar. O quando vai depender dos médicos, que eu ainda não achei.
Já os valores, se for pra pensar, tem de tudo. Além ~daquela~ cirurgia (que toda vez que aparecem, sem aviso, valores em textos fico em posição fetal), tem remédios. Tem roupas. Tem laser pra tirar os pelos extras (graças a Deus que não tenho a genética do Tony Ramos). Poderia ter um fonoaudiólogo, talvez tenha cirurgia pra mexer na voz. Falando nisso, rosto e busto podem eventualmente ir pra faca, né? ...Preciso de uma caixa-forte: pra bancar isso tudo e me proteger do mundo :P
E nem to colocando médicos "normais" na conta, mas já pensaram que em certo momento da vida vou ter de ir pra gineco? É até bizarro pensar nisso agora XD
2) o tempo anda esfriando, guardei as bermudas, voltei a usar mais calça e tomei coragem para "limpar" as pernas, de cima para baixo. Ainda não tive coragem de ir até o joelho, quanto mais fazer o serviço completo, mas as obras estão indo, só dependendo da temperatura cair mais um tanto para concluirem os serviços :P


Então, por ora, minhas pernas estão iguais à moça mais alta da foto acima, a com chapéu de flor.
3) faz tempo que todas as minhas vendas no Mercado Livre levam meu cartão com escrito atrás "obrigada pela compra :D"
4) sexta agora tive uma experiência chata com um desses serviços que estou procurando. Como algumas coisas estão em aberto, não tem relato agora, mas você sabe que Deus existe e gosta de você quando Ele te faz o dia mais leva depois de uma bomba.
5) já sábado fui na minha quarta sessão de laser (1/3 das sessões!!) e a mulher que aplicou foi bem carrasca: ardeu mais que a outra vez (que sinceramente, nem parece que passou, o bigode tava mais cheio até....), namorada diz que a pele ficou avermelhada em alguns pontos, imaginei até bolhas crescendo sob a pele.
6) se stormtroopers aplicassem depilação a laser, todo mundo seria que nem o Chewbacca, né?

7) as pessoas mais atentas perceberão que dei uma reorganizada leve nas páginas ;) E acho que encerrei a série de textos que devia desde o neoproterozoico... =p


03/05/2018
Acho bom eu escrever os planos D e E

A primeira impressão é a que fica, e nem sempre é a certa, mas último mail que recebi não me animou com essa
última trilha que me colocaram - pareço ter batido a porta de uma casa que está superlotada e entrar, vou ter de pegar uma loooonga fila.

Sorte que estas coisas parecem acontecer quando "a menina está em baixa" =_=
Não to nos melhores humores porque estou com sono, mas já que estou no hiato entre atividade, deixa eu colocar alguma coisa aqui =p

(se eu não estou nos melhores humores, nem devia escrever aqui, pra ser racional....)

Sábado agora vi uma moça bem produzida no centro, e me chamou a atenção que além de estar mais elegante que a média das pessoas na região, ela vestia umas meias brancas que vi na Aliexpress...

(Ah, uma explicação: finalmente contei pra amiga antiga, e ela veio com toneladas de idéias de roupas fofas de lojas chinesas/japonesas :3 No meu biotipo não vai rolar (nhé), mas me atraem as roupas modernas daquele lado do mundo, apesar de algumas vezes exagerarem....
De qualquer forma, fica o registro que acho são vestes overfofas pros padrões daqui, não cabendo na maioria das situações, o que é uma pena.)

Voltando à moça, quando ela passou por mim, percebi que era trans - o rosto denunciou.
E foi nessa hora percebi uma implicância/preconceito meu: a impressão de que trans (sou uma!) sempre tendem a pegar umas roupas "fora da curva". Produzida demais, periguete demais, sei lá o quê demais... e no fim das contas sou eu mesma reproduzindo preconceitos com pessoas que são "fora da curva" dentro dos "padrões". E pior, estou carregando um preconceito que bate em mim mesma, afinal, esse é meu futuro, né?

(inclusive certeza que tenho vozinha maldosa na cabeça que me diz exatamente isso, "esse é seu futuro". É por essas e outras que procuro psicólogo antes de começar qualquer coisa)
Racionalizando (1): Se ela fosse uma gordinha, ou uma magricela alta, ou qualquer outra mulher "diferente" com roupas diferentes, eu também estranharia (talvez um pouco menos, por causa do meu "radar"), mas acharia legal se fosse uma mulher mais nos "padrões". Outro "se": talvez estejam me escapando ao "radar" trans que se vestem "normal" (cof-cof-cof-cof) e me incomodando só com as diferentes demais.
Racionalizando (2): Talvez trans realmente se vistam "exageradamente" por que a mídia vende um padrão feminino que não é exatamente real. Nos meus tempos de Second Life reconhecia caras usando avatares femininos por causa do exagero no tamanho das pernas, dos peitos e pelo estilo de roupa =p Talvez trans realmente se vistam "exageradamente" por falta de prática nas regras das roupas femininas (já falei: é bem mais complicado que jeans e camiseta, mesmo quando você decide vestir só jeans e camiseta), ou talvez seja mesmo pra compensar os traços masculinos que sempre tem (mas, mulher cis também tem traços masculinos, e homens cis também tem traços femininos, prestem atenção).

...vou deixar aqui em aberto. No fim é tudo uma construção de padrões sociais, preconceitos, etc e eu só quero sossego, sumir na multidão e ser eu mesma ao mesmo tempo.
E mesmo que vença o autopreconceito, ficar bem resolvida com isso (oxalá!) vou ter de conviver com o preconceito do mundo lá fora, porque provavelmente não vou "parecer mulher" e, por isso, qualquer deslize meu vai fazer mais barulho que um acidente na Marginal.
O texto acima era pra ser só a parte de cima, aí resolvi incluir mais coisas e virou esse textozila aí. Já devo ter dito que quero escrever mais um texto apenas e sossegar a periquita que não tenho ainda de escrever coisas aqui. Não estou dizendo que pararei de colocar meus blablablás nesse blog, mas é que tinha várias pautas entaladas e proteladas infinitamente, e to fazendo um mutirão "pare tudo o que você está fazendo e põe pra fora no v2v, mulher", e fazer isso cansa, vou precisar de um respiro e, como digo sempre, sou mais coisas que minha transição (que, na prática, é só nominal e social até o momento....)


25/04/2018
Programa Venera
Daqui algumas semanas terão eventos de quadrinhos e literatura em outros estados, em ambientes que considero mais tolerantes, cheios de gente legal que conheço... aí pensei que, talvez seja surto meu, se consigo dar uma produzidinha pra ir mais menina para ir nestes eventos ;)
Conversei com amigas, que já deram montes de idéias e acho que logo faço algumas compras, mas estou aberta a sugestões =)

Mas...

Sei lá se consigo fazer compras sozinha =p Primeiro porque não sei o que vestir, e isso de não saber tem justificativas: não fui educada como mulher, óbvio, e meu corpo ainda tá masculino (plus: ganhei peso....), entre outros motivos. Além de "quadrada" nas formas, meu biotipo é naturalmente maior do que a das mulheres "nativas", e mesmo estas sofrem com tamanho de roupas, já que nossa indústria parece focar a produção para hobbits ¬¬'

(Homem: tome
coragem e faça a experiência de ir numa lojas americanas da vida e
tente achar sutiãs com numeração acima do 50 e terá uma idéia do problema
)

Então, não vou saber em tempo hábil como conjugar meu tamanho, com roupas que combinem comigo, que combinem e entre si (e, repito, NÃO tive essa educação :P) e, é claro, com meu bolso: não é segredo que roupas pra elas são mais caras do que para eles nessas horas que me pergunto porque quero mudar de time.
De certa forma, estou encarando como uma prova a ser superada e, claro que existem amigas que se dispõem a ajudar em vários níveis, só que é chato ficar alugando, e acabo ficando repetitiva :P Mas, se der certo, se eu conseguir vestir um visual neutro tendendo pro feminino, se conseguir coragem pra sair assim em público (e sair viva disso :P), vai ser... não, eu não sei o que vai ser. Mas vai ser grande *-*

E, assustador, se eu racionalizar :P Mal tenho coragem de fazer estas coisas indoor, apesar de que nessas situações terei gente legal por perto apoiando =)

(mas, assim mesmo, rezem e torçam por mim^^)
Notas:
1) fui ler sobre o serviço que me indicaram ontem, e to mais animada. Ainda aguardo o mail resposta :D
2) ...e ainda bem que recebi a ligação ontem num dia que estava ok e com menina em baixa. Só digo isso.
3) talvez ouse furar as orelhas em poucos dias. Ou perco a coragem e adio de novo :P
4) mas estou aproveitando o frio, que ninguém vai ver, e aos poucos estou limpando as pernas :3 Preciso sair da apatia e ver mais lasers, pro torax e pernas.
5) passou pela minha cabeça agora que nos eventos acima posso ter problemas com banheiros o.o


25/04/2018
Plano C
No post anterior eu ia escrever "agora vai!" em algum canto.... e dessa vez não foi. Hoje a moça-futura-psicóloga que me atendeu (e xará de uma de minhas personagens) duas semanas atrás me ligou e falou que não rolaria me atenderem lá (e entendo os motivos), mas procurou um contato em outro serviço mais direcionado para meu caso, conversou com ele, pegou endereço de e-mail e pediu para escrever para ele.

Mandei mensagem e aguardo resposta, vamos ver no que dá...

e lá vamos nós....

(Mas, sendo sincera, é chato isso. Tinha botado fé no interesse da moça, fora que é frustrante esse labirinto....)


23/04/2018
Há males que...
Às vezes o humor da gente não tá bem e se volta contra nós. Semanas atrás tive uma bad dessas e ela me pegou pesado. Inclusive, as linhas a seguir foram escritas nesses dias:
Tem dias que a menina bate e ela quer se expandir, fazer coisas que nunca fiz porque "eu era menino" e agora "tenho direito". Aí vou lá, faço, me divirto, mato lombriga e as coisas acalmam.
Estes dias to brigando com a idéia de que sou um desastre por acontecer. Medo de minha "decisão" causar desgosto a gente querida, medo de como posso estar no espelho mais pro futuro. Sábado tava brigando comigo mesma para não ficar comparando meu corpo com o de outras pessoas, mas foi um exercício difícil demais em um fim de semana tenso em nível nacional.
Mas logo passa, mim sabe. Se não passasse, talvez já estaria transicionada faz tempo :P E sim, peguei indicações de ajuda profissional, só falta vencer barreiras pessoais e tentar.
Foram dias marromenos ruins (e não batiam com a mandala... :P), sem ânimo pra nada, só vontade de dormir, parei meus 'n' projetos e talz. Estes dias tão mapeados com vários quadrados de cor cinza. Cheguei a me preocupar com meu estado mental, mas durante o andar da semana fui percebendo algumas coisas: que meu chefe tava numa gripona brava de semanas, com dor de cabeça a ponto de deixar a cara dele vermelha e que, se parasse pra pensar, eu também tava com sintomas de gripe o.õ
Enfim, a gripe só saiu do armário depois de uma semana, depois de dias de insinuações (eu acho que não era forte o suficiente pra se fixar no meu organismo, mas não era fraca o suficiente pro corpo a derrubar de vez). Tomei remédios, descansei, melhorei dela... pra ganhar tosse insistente de outra colega de serviço ¬¬
Mas antes de perceber que era gripe e sarar, me assustei - sei que isso senti é nada frente à crises de depressão, mas é a partir deste nadas que tudo começa e evolui - e decidi procurar a ajuda que estou há meses empurrando com a barriga: no twitter, namorada encontrou um serviço de
universidade (não vou tecer comentários quanto ao nome do serviço) que faz atendimentos a preços módicos, inclusive psicológico.
Podia procurar psicólogo pago? Podia, mas as indicações que estava recebendo estavam meio carinhas e a moça doutora em psicologia que namoro disse que vou precisar de muitas sessões num primeiro momento e que vale a pena ser atendida por estudantes :)

Numa estação do metrô, longe de casa e a caminho da casa da namorada, tomei coragem e liguei para pedindo informações de marcar triagem para psicologia e me disseram que tinha de ir pessoalmente em horários tal e tal. No dia seguinte, uma quarta, eu tava lá :P Mas as triagens daquele dia tinham se esgotado, mas se quisesse marcava "pra amanhã".

Claro!!

Dia seguinte, era eu no caminho pra universidade e pra espera, meio que imaginando que 3234252 perguntas teria de responder, aquele medo do desconhecido. Fui chamada pra sala, mal sentei e joguei pra moça que meu problema era disforia e foi uma conversa de cinquenta minutos, ela interessada (e tentando me chamar de Márcia em vez de Marcelo) e tentando me fazer falar, já que às vezes simplesmente não sabia o que dizer: ela perguntou e respondi sobre amigos, família, trabalho, namorada, passado, até da mandala =p

imagem meramente ilustrativa

E ela me disse coisa ou outra que me fez pensar.

Como falei acima, isso foi só uma triagem: em duas semanas (aka: essa semana que começa) me informarão se vou ser atendida e quando, e por quem. Talvez não seja a mesma estudante da triagem, talvez não seja. Mas estou otimista, rezando e cruzando os dedos, por via das dúvidas.

(No fim das contas a gripe foi providecial, já que me fez sair mais da minha zona de conforto^^)
Quanto ao serviço que tentei no começo do ano: soube que eles reabriram noutro local, mas meio que desisti deles. Eram especializados, mas com horários irreais para quem trabalha: de semana, na parte da manhã. Imagino que é o que eles conseguem fazer na realidade deles e não vou criticar =)
Notas fora do tema:
1) Ando soltando o cabelo mais tempo, tentando inclusive mudar como o reparto na cabeça. Mãe notou.
2) Nisso de não saber agir frente aos outros, acho que só duas vezes me soltei de forma que me achei feminina, no gestual e forma de falar. Numa delas, infelizmente, a pessoa (muito querida) fez graça e tá difícil detravar na frente dela =p
3) Sobre mandala e ciclos da Lua, uma nota pros céticos: essa bicha está nos céus desde antes do surgimento da vida na terra, influenciando a) as marés e b) a iluminação noturna. Organismos que levam em conta essa influência ganham vantagem de sobrevivência se vivem à beira do mar (nem todo mundo respira debaixo d'água) ou se costumam passear de noite (é mais fácil ser caçador ou virar presa com mais luz no ambiente). Então, é difícil imaginar que ela não tenha deixado marcas no DNA (e nos ritmos biológicos) de tudo que está vivo e viveu :P
4) Ah, sobre a minha mandala, esqueci de falar: é ruim de chegar numa fase que "sei" como vou me comportar é evitar forçar as anotações para comprovar a teoria q tá se formando ou evitar forçar as anotações a NÃO COMPROVAR a teoria porque acho que estou sem querer forçando a comprovar ou....
Esse troço é subjetivo, e se fazer acreditar que está sendo espontânea quando está na verdade se auto-induzindo é sempre um risco ¬¬
5) Tweet meu sobre mandala que costumo mandar para quem me pergunta sobre o assunto. O texto do blog tem quase tudo que tem lá, mas às vezes é mais prático mandar o tweet mesmo :P


22/04/2018
Mandala

Volta e meia no twitter falo que to fazendo uma mandala e tal, e volta e meia alguém me pergunta o que é exatamente isso, qual é de fazer uma. Eu ia escrever sobre isso antes do carnaval, mas acabei viajando, voltei, e fui empurrando a intenção de escrever com a pança. Como a intenção desse post é ser um batidão de vários temas, se eu não falar agora, falarei nunca:

Antes de tudo: sou bem cética, pé no chão. Procuro explicações racionais e seguro firme nelas. Inclusive tenho minha dose de "quebrar a cara por acreditar na hipótese mais absurda quando a simples, realista e óbvia está lá acenando pra você".
Mas não sou atéia e tenho lá meu lado religioso (católica não-praticante. Ou melhor, católica-turista, que praticamente só entra em igreja quando está viajando :P) (e está interessante conjugar minha identificação sexual com os textos do Cristianismo: basicamente me ancoro no fato de que Jesus falou nada sobre isso (e é um cara muito gente boa), a Lei Mosaica é um ninho de preconceitos e que Paulo abriu a boca demais).

E, por viver um país cheio de sincretismos, por leituras passadas (oi Moore, oi Gaiman, vai tomar no cu Morrison), acabei adquirindo algumas noções aleatório-superficiais de outras crenças e fés, além da procurar sobre um tema ou outro por pura curiosidade. Afinal, internet (a de verdade, não a de uso comum) existe pra isso - pesquisar! - e ser uma pretensa escritora me "obriga" a conhecer outras formas de pensar e entender o mundo. Se me perguntarem de forma "sim ou não" se acredito em magia, astrologia, etc vou dizer que "não", mas uma resposta mais ampla me faria dizer que não acredito, mas acho burrice fechar os olhos para outras interpretações do mundo em torno quando outras pessoas dizem que elas existem. Sempre tenho uma orelhinha levantada para prestar atenção no silêncio do invisível e estou sempre dando uma chance para ele se manifestar :P

Na minha humilde opinião, é quase anticientífico se fechar completamente pro "racional". Quase.
Certo dia, no twitter, conhecida que faz parte do que chamo da "ala mística" da minha timeline (que abuso alugando nas DMs, confesso) citou algo de fases, arquétipos e eu fui lá cutuca-la, perguntando do que ela falava exatamente, meio sabendo o que ela diria: eram termos relativos ao ciclo menstrual. Ok, não tenho mas ela continuou dizendo que corpos masculinos também tem, então seria interessante fazer anotações para tentar visualizar estes arquétipos em mim.
É, seria uma boa.

[[
...inclusive, a louca aqui é metódica para manter anotações desse tipo, com o devido incentivo. Tipo, registro diariamente meu peso há uns 4 anos (daí eu saber que
emagreço no inverno, engordo no verão) e há um tempo, por quase 18 meses anotei quando a "menina batia" (entre outras coisas). Eram registros subjetivos tipo "residual", "voltando? voltando" "alta, mas não desesperada" e tentei tabular numericamente e deu nesse graficozinho aí, em azul:
...em vermelho são as fases da lua - a linha no alto é cheia, em baixo é nova.
A primeira vista achei mesmo que estava vendo uma relação entre lua cheia e meus surtos =P Mas depois refiz a curva lunar com outros valores e as 4 fazes parecem dar resultados semelhantes.... com a cheia tendo ligeira vantagem, e a nova o contrário disso.
É um resultado curioso, mas foram anotações bem subjetivas e esparsas, então to deixando aqui mais como encheção de linguiça curiosidade =P
]]

Bom, voltando: ela sugeriu fazer tipo um registro diário de humor: ansiosa, calma, criativa etc por uns três meses que provavelmente nesse processo notaria um padrão. Mas logo que comecei a fazer outra amiga me mostrou isso aqui (mas é mais interessante ver aqui). Mostrei pra amiga que me sugeriu fazer as anotações, que me deu mais um link, dois links e em vez de um "diário" decidi brincar de colorir a mandala, que é mais visual =P

Enfim, como não tem "regras" do que tem de ser anotado (alguns dos links acima dão sugestões) na mandala, escolhei os aspectos que achei interessantes, mudei uma ou duas vezes algumas coisas que vi que não variavam tanto assim e fui seguindo os dias. Talvez faça mudanças em mandalas futuras, mas vou dizer que, depois de várias páginas preenchidas, realmente comecei a ver mesmo padrões aqui e ali. Não quero falar disso agora, pode ser apenas placebo, mas foi divertido perceber que eu, menino de corpo, me peguei falando que "estava na época do mês que" XDDD

E queria finalizar dizendo que não sou especialista em nada dos assuntos acima e espero não ter dito nenhuma besteira. Ou ao menos ter dado uma idéia do que me sugeriram e do que estou fazendo^^'
Aproveitando o gancho sobre religião e transexualidade, duas páginas em inglês com material que vale ser escavado: Trans Saints - Transgender Christians e Calendar of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Saints. Boa parte do material citado é parabíblico demais (santos, lendas judaicas, etc), não dá para usar como argumento em algumas crenças, ou estica demais a interpretação de algumas passagens bíblicas (tipo o homem que carrega a água antes da Santa Ceia), mas é no mínimo interessante pra quem curte o tema :)


18/04/2018
Um estranhamento
Aconteceu poucas vezes, mas provavelmente será mais frequente: a maioria das pessoas que contei sobre minha identidade de gênero são amigos e colegas de internet. MUITO de minha vida social está ancorada na rede e sem ela seria uma pessoa muito mais pobre em todos os aspectos. E poucas das pessoas que relaciono online encontro ao vivo, apesar de morar em São Paulo, maior cidade do hemisfério sul e do ocidental: a verdade é que o grosso do povo é de fora de Sampa e parece ser uma característica dos internautas paulistanos não marcarem encontro para nada - ao menos até onde vejo nos limites da minha bolha social.
Só que às vezes acontece de encontrar gente pelas minhas andanças pela cidade, e... bom, eu não "virei" mulher? Por que estou a mesma cara de sempre? Por que ainda estou barbada? Como me comportar? Roda um monte de perguntas na minha cabeça e certeza que acontece o mesmo na cabeça de meus interlocutores sobre como me apresento online e o contraste da vida real. Todo mundo que lê este blog tá careca de saber que família não sabe, trabalho não sabe e tenho lá meus pavores, só agora tou ousando sair com uma duas unhas pintadas e uma pulseirinha cor de rosa :P

(essa deve ser a primeira foto recente minha que posto aqui :P)

Mas, ao vivo isso é estranho, fica um bando de pessoas que não sabem se comportar na nova situação (eu inclusa), e apesar de não acontecer nenhum desastre, saio com a impressão de que ficou algo inconcluso no ar. Se eu mudei, por que ainda pareço ser o mesmo?

(sim, tem toda uma explicação, mas nem sempre dá pra colocar esse assunto na mesa. E, convenhamos, tem mil assuntos pra eu conversar com meus amigos além de falar de mim mesma =p)(mas que eu gosto de falar, eu gosto :P~~~)
Vou despejar nos próximos dias vários posts, coisas que queria ter dito faz tempo, coisas que estão acontecendo e devia estar registrando, coisas que já aconteceram e estou esquecendo - tudo queria por aqui, desenvolver os fragmentos que coloco no
twitter e nos papos pelo telegram. Incrível como nada aconteceu e assim mesmo é tudo, é muita coisa o.o


29/03/2018
Um ano de blog!
Um post rápido para não passar a data em branco^^ Vênus já fez mais de uma volta e meia em torno do Sol, Marte fez pouco mais da metade de sua translação, mas aqui na Terra, faz um ano que inaugurei esse espaço (alguns dias depois de me "batizar") e comecei a avisar amigos e conhecidos de que é "a" joaninha mesmo :)
Não vou me esticar muito, senão vai ser mais uma leva de muitos agradecimentos e poucos resultados pra falar :P Fiquem então com um desenho bonitinho (não muito, tava com sono e pressa) e, na sequência, um texto tenso sobre a primeira cirugia de redesignação sexual no Brasil =/

bolo ficcional com cobertura de doce de leite, só avisando

"'Monstro, prostituta, bichinha': como a Justiça condenou a 1ª cirurgia de mudança de sexo do Brasil e sentenciou médico à prisão" =_='


18/03/2018
Tapa no visual
Um post com as notinhas que deviam ter saido na última postagem, mais algumas superficialidades :P
1) Os mais atentos viram que dei um tapa no visual do site: reorganizei os arquivos das postagens mais antigas (antes eram por mês, decidi separá-los por quantidade de texto) e pus uma auto-caritura minha pra enfeitar aqui e ali. Os mais maldosos vão falar que ela não parece comigo, mas qual artista fez um auto-caricatura realista, sem puxar a sardinha para esse ou aquele aspecto? :P
Pros curiosos, na coroa está escrito "Martis regina" (rainha de Marte). Além do símbolo masculino e do planeta Marte, ♂ é o símbolo antigo de "ferro", daí a cor cinzenta da coroa^^ E na camiseta, está escrito, em meu código pessoal que uso em diários blábláblá, "sem peitos".
2) Por algum motivo
achava que a etimologia de "disforia" era "fora do lugar (foro)", mas na verdade significa "sofrimento intolerável, agitação extrema", que seria o contrário de "euforia" (capacidade de sustentar, de tolerar algo com facilidade, produzir, segundo o Houaiss). Enfim, mesmo ciente da verdade etimológica, achava minha interpretação mais legal.
3) Mandei mail pro site que me indicou a Santa Casa. Mas acho que tá na hora de eu mesma procurar um/a profissional (e nem sei por onde começar).
4) Fim do mês passado uma amiga me deu um vestido, maquiagens e bijuterias. Fiquei sem palavras, só sei que amei e provei quase tudo - exceto todos os brincos, mas me apareceu uma súbita vontade de furar as orelhas.... :DDD E de ir a um brechó aumentar meu guarda-roupas, mas não faço isso sem supervisão de uma adulta responsável.
5) Das bijus que ganhei, decidi sempre que for pro centro/Paulista andar com a pulseria e/ou o anel que ganhei. É bobagem, mas preciso pegar coragem e gosto de ir ousando de alguma forma, né? E, também preciso comprar umas pulseiras novas, porque essa é cor de rosa de plástico, é bom variar.... ;)
Nessa onda, certa noite pintei a unha do mindinho esquerdo de rosa. Ficou uma crosta, mas fiquei feliz, porque EU quem fiz :P E demoraram uma semana para notar O.O
Ou me disserem que viram...
Essa semana namorada repintou, eu queria azul clarinho, mas não tinha. Foi outro tom de rosa, meio perolado e meio sumido, vamos ver no que dá....
6) E é só. Muita coisa acima, entre fatos e impressões, deviam virar postagens mais longas aqui, mas né? Eu enrolo... ao menos viram sequências de tweets :P


13/03/2018
Dia Internacional da Mulher
Pra ser sincera, a data ia passar em branco pra mim, porque simplesmente sou desligada de datas e efemérides (e quando me ligo, grudo até enjoar quem convive comigo. Oito ou oitenta), mas decidi fazer dois comentariozinhos, atrasada, até aqui tá abandonado há mais de mês e é bom prestar contas a quem não tem twitter mas que me importo a ponto de saber que aqui existe^^
Pra ser sincera, quando veio a data, até brinquei: "é comigo?". Sim, é, é comigo sim, sou mulher apesar do universo dizer o contrário :P Mas também não é comigo ainda porque tô bem acomodada nessa bolhinha, sem encarar o mundo lá fora na minha identidade real. Nascer do sexo masculino tem uma série de privilégios e não me desfiz da maioria deles - inclusive isso dá um medão quando encaro racionalmente algumas perspectivas.
Dou todo apoio às mina - é meu time! - mas não tenho o direto de exigir protagonismo junto com quem tá nessa desde que nasceu, ou até de quem "não nasceu" mulher e tá pondo a cara 100% a tapa faz tempo, encarando duplo preconceito.
Enfim, nesse Dia Internacional da Mulher, fiquei quieta mas repassei cada comentário, cada informação, cada opinião importante e necessária de gente melhor e mais calejada que eu.
Nesse mesmo dia, durante o almoço no meu serviço, estava eu e duas colegas no refeitório quando uma delas riu alto: tinha recebido um versinho "engraçadinho" que dizia que se alguém se diz mulher e ainda tem piupiu, o seu dia é primeiro de abril ¬¬'
Obviamente, discordei da "piada" naquele instante, elas discordaram da minha discordância, a temperatura da conversa subiu um pouco, mas o flame terminou antes de qualquer estrago, com cada uma mantendo sua opinião.
E isso me azedou pelo resto do dia praticamente: quase "estourei a bolha" na discussão (aka "sair do armário publicamente"), não me desceu ouvir o termo "falsiê" para se referir a trans, a argumentação de que mulher "de verdade" é só quem nasceu (mas deu a entender que se "cortasse" talvez aceitassem), ver que gente legal (e são!) e instruída carrega uma carga inercial de preconceito(s) bem grandona(s) que tem de ser desmontada e, pior, que não tenho contra-argumentos para serem usados de pronto ("lacradores" deve ser a descrição atual) para desmontar ou ao menos conter idéias toscas desse naipe.

Ainda não digeri e entendi tudo o que aconteceu naqueles poucos minutos, mas foi irônico que em pleno 8 de março tive de discutir com duas cis sobre identificação de gênero e tudo o mais =/
(Ia por um monte de notinhas aqui, como faço sempre, mas decidi que fica pra outra vez. O sono está chegando e se deixar esse texto "pra amanhã", ele não sairá essa semana - me conheço bem)
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