Oi! =^^=
Aqui é um espaço reservado em que escreveo sobre assuntos que ainda não me sinto confortável em expor tão publicamente, mas quero e preciso desenvolver em texto :)
Assim, sei que não preciso pedir, mas assim mesmo peço: não passem esse link para outras pessoas, não sem falar comigo antes :)
Obrigada,
mushi-san
e-mail: mushisan@yahoo.com • twitter "fechado": @_marcychan • twitter "aberto" e telegram: @mushisan



24/11/2019
"Fiquei mais de seis horas em roupas de menina e saí viva pra contar" *-*
Dia 16/11, um sábado de feriadão emendado (comecei este texto poucos dias depois do evento, terminei em pouco mais de uma semana) amigões se casaram, depois de anos de namoro e morando juntos com uma gata fofa :) Como a cerimônia de casamento era em outro estado e o ambiente era amigável, alguns meses atrás o casal me veio com a seguinte proposta indecente:
- Venha de menina, vai ser sua estréia (não foram estas as palavras, mas basicamente foi isso :P)
Como fiquei: *-*

Mas não sem uma sombrinha de insegurança, de dúvida se isso (de eu "estrear") aconteceria mesmo:
(Spoiler: vou narrar a parte chata, lenta e cozinhando, mas a parte legal vem depois e pra mim foi 324534523 vezes mais importante e fogos de artifício :D)
Ano passado me empolguei pra um evento, também em outro estado e aparentemente acolhedor pra gente diversa, em que poderia ter sido a minha "primeira vez". Com essa possiblidade aberta e naturalmente empolgada, conversei com amigas sobre a idéia - precisava de idéias sobre o que vestir e de apoio in loco também - e logo fui às compras, acompanhada de gente legal :), pegando umas peças de roupas, mais sutiã e enchimento pra colocar alguma silhueta nesse corpo quadrado com barriga de bolinha, etc etc.
(Foi nessa aventura nas lojas de roupas femininas do centro que aprendi na prática que roupas F são pra hobbits....)
Mas, quando chegou o dia, já na outra cidade, senti falta "de pilha" de quem estava comigo: eu estava empolgada, mas o mundo externo não estava vibrando junto com meu mundo interno e eu esvaziei como um balão.
Mais tarde, indo "de menino" no local, vi que o transporte até lá (busão) seria problema (eu, estreando em roupas de mulher em coletivo.... brrr) e o ambiente fora do evento seria outro problema. Talvez, dentro da lógica, o melhor foi eu ter feito o que (não) fiz.
Só que lógica é uma coisa, as camadas mais internas da cabeça da gente são outras e aquelass impressões voltaram, segurando minha empolgação.
Assim, esse ano só fui às compras uma vez (uma brusinha)(que tive de trocar por que, por increça que parível, era um número maior que o meu o.o), fiquei de comprar um par de tênis "neutro" (e não o fiz) e acho que só. Nesse meio tempo aconteceu (e continua acontecendo) a mudança de casa da gente, e isso também consumiu recursos de tempo e cérebro. Uma amiga (a mesma das compras acima) me emprestou algumas roupas pra eu testar, mas no caos eu praticamente só as testei na véspera da viagem, quando eu já estava pondo em dúvidas se realmente me vestiria "diferente", eu e o universo estávamos juntos em baixa vibração. Pra piorar, perdi algumas das minhas coisas femininas na mudança - estão em alguma caixa.
De qualquer forma, por via das dúvidas, pus tudo o que tinha à mão na bagagem e zarpamos.


Aqui vou deixar uma lista de confissões chatas sobre minha pessoa, especialmente no que tange ao tema de todo esse blog, e que sei lá se consigo resolver tão cedo:
• Eu não sei o que fazer, muitas vezes preciso de aprovação.
• Eu tenho a vaga idéia do que gosto, tenho certeza do que não gosto, mas se insistir topo.
• Eu tenho medo de pagar mico, de fazer escolhas erradas, de ser o centro negativo das atenções, mas meu ego infla que é uma beleza às vezes.
• Eu tenho a forte tendência de me recolher às sombras, à insignificância, ficar quieta na minha zona de conforto, para não incomodar, não ser a pidona repetitiva. Não é desinteresse. Tem horas mesmo que preciso ser pilhada e puxada pela mãozinha.
• Quando vou às compras com meninas (ok, não foram tantas oportunidades), eu sou aquela que tá plantando a fruta enquanto as outras já estão mascando o palito do sorvete: as pessoas já estão na fila do caixa enquanto ainda pensando o que é válido ou não para compor um desenho que não está 10% pronto na minha cabeça, daí desisto e sigo a trupe pra não segurar o rolê.
(e mantive todos os "eu" do texto porque tem muito de egocentrismo da minha parte aí, tem muita coisa aí que preciso digerir melhor. Inclusive ninguem é abrigada a aguentar minhas besteiras)


Chegamos na cidade na véspera do casamento, logo fomos pra um shopping local encontrar o povo e almoçar. Batemos perna lá dentro, entramos em algumas lojas. Eu estava mais pra observadora, não tava afim de nada e não vi nada que me chamasse a atenção, aquele dia estava praticamente consolidada a decisão de ir de menino mesmo e a estréia seria adiada, já tinha me acostumado blablabla ("mimimi, drama pwincess", diz a ala da minha mente que me dá broncas).
No dia seguinte, geral foi pras ruas do centro fazer mais compras de emergência (o casamento seria em um punhado de horas!) e fui junto, ainda na mesma vibe espiritual, mas com bichinho novo nas caraminhola: "seria legal se alguém te sugerisse, opinasse, te incentivasse aqui e... ei, estão te deixando de canto?". Não, não estavam me deixando de canto, era só um pensamento egoísta dando as caras, daqueles que conheço bem, que enche o saco e, por mais que eu diga "é isso não", fica lá e mina meu humor, ainda mais ainda mais cansada da viagem e sem chocolate 99% cacau no organismo :P
Só que, perguntada, acabei desabafando de forma exagerada (e que não gostei de ter feito) por não terem me esperado comprar um tênis (o tal "neutro" que falei lá pra cima, idealizado em Converse, influência de velha conversa com amiga) numa das lojas de calçados que passamos. Fomos pra uma loja, compramos isso, perguntaram se eu queria mais nada, não queria não, fomos pros nossos respectivos hotéis, o tempo corria.


Intervalo para: ajudar as duas companheiras de quarto a se arrumarem, aprendermos a passar um vestido de poliéster (usando google e perguntando pras mães usando as redes sociais padrão XD) e - plot twist! - eu mandar um foda-se pra frescura e perguntar pra geral: vou com a blusinha roxa que comprei ano passado (e não foi) ou a amarela que comprei esse ano? Ambas na babagem. "Prova aí pra gente ver", foi a resposta :P.
Pus um sutiã pra esportes que tinha um tanto de bojo (não tenho peito mas quero fingir um mínimo, tá?), ninguém no quarto riu (não achei que ririam, só que tinha aquele 1% de medo sim) e... então, blusinhas (é o nome da peça?) vestidas, fotografadas, votadas entre o povo que estava comigo e no grupo. A roxa ganhou *-*
Mais gente chegou no quarto, fim de arrumações, chegou amiga fez o que pode para me maquiar (mas faltou de tempo, maquiagens e de uma cara melhor pra ela trabalhar :P) (pena que não deu mesmo tempo de testar a máquina de fazer cachos de outra amiga) e fomos todas pro uber.

Cara
    eu
        fui
            pegar
                uber
                    vestida
                        e
                            maquiada
Claro que cruzei correndo o saguão do hotel, não olhei pros lados, pra frente, me enfiei no carro com mais gente e sei lá o que passou pela cabeça do motorista (e não afinei a voz ou algo assim, não ia fazer ali o que nunca pratiquei).

As pessoas me perguntam o que senti finalmente vestindo as roupas de meu gênero? Até ali, eu tava em terreno conhecido, já tinha provado estas roupas (acho que nunca na frente de ninguém, constatei isso agora), aquelas pessoas eram minhas amigas, eu só tava concretizando o que sempre souberam =p O acanhamento só apareceu em algum grau dentro do uber, enquanto eu tava naquela bolha de gente legal, ele mal apareceu :) e tava com medo mesmo de borrar o batom :P

Depois de uma longa viagem até depois da Cordilheira dos Andes (o lugar era longe mesmo, teve uma hora que subimos tanto e descemos que certeza que ultrapassamos a espinha dorsal do continente), chegamos até o lugar do casamento e à hora da verdade (a minha. A dos noivos ia ser logo depois): não olhe pros lados, siga em frente, ninguém solta a mão de ninguém. A cerimônia seria ao ar livre, o lugar era perfeito e são Pedro ajudou abrindo o céu com um azul lindão e achei prudente (além do mais, minha timidez não me deixaria fazer diferente disso) ficar nas bordas: as cadeiras já estavam cheias, o povo estava todo chique (menos eu, me senti bem simprona de jeans e tenis preto, cabelo solto e xadrez roxo/preto do pescoço à cintura) e alguns olhares me estranharam, ou achei isso... neura minha ou realidade, nunca saberemos e nem vou me esforçar pra saber.
Eu me sentia deslocada, mas tinha gente fofa e amada por perto, e não precisava dar satisfações à ninguém: tirando uns três ou menos, todo mundo que me conhecia sabe que sou menina, todo mundo que não me conhecia estava me conhecendo assim, o pontinho xadrez no casamento =^_^= Havia sim um conhecido gente boa que não sabia (nunca houve gancho...), mas conversou comigo de boas sem perguntar nada.

Então houve a cerimônia (bonita, com gente bonita em todos os lugares e até os passarinhos resolveram cantar) e depois fomos para o segundo desafio: a festa. O local era logo ali, várias mesas circures cheias de gente que não conheço... brrr. A produção não achava meu nome e de namorada, e na dúvida, nos indicaram uma mesa ali no canto, com zero conhecidos.
O ponteiro do meu alerta de timidez estava ameaçando se mover num pulo só para os níveis de alerta.
Só que namorada ignorou a orientação do staff e nos contrabandeou pra uma mesa com praticamente todo o nosso povo e ficaríamos lá até os donos dos lugares nos expulsarem =x ...o que não aconteceu: encontraram nossos nomes na lista, e estavam colocados justamente na mesa em que nos enfiamos :P
#entei
Daí pra frente foi... festa. Comidas, lanches, depois dança - e broncas de namorada e amigas a cada vez que eu ameaçava prender o cabelo. A noite foi passando e ninguém mais ligava pra nada. A certa altura, no meio da noite, outra amiga (madrinha e que me ensinou quase tudo que sei de maquiagem) fez meus olhos e fiquei assim até uma e tanto da manhã. Eu tava feliz, todo mundo estava feliz! Foi um festão épico que nem o casal e todos meus amigos que estavam lá =)

No hotel, pela primeira vez na vida limpei a maquiagem sem a paranóia de ser descoberta, mas com a eficiência de limpar tudo adquirida com a mesma paranóia :P De qualquer forma, de manhã não tinha certeza se dormi pouco (iríamos pegar o avião relativamente cedo) ou se realmente tinha limpado os olhos direito.

E foi isso^^

Notas: (relatadas ou não, sempre as terei :P) 1) podia ser menos besta e ter usado saias, né? Só a madame aqui estava de calças ¬¬'
2) óbvio que a experiência foi boa e quero repetir :D No fim de semana seguinte ia pra Augusta encontrar conhecidos me conhecem tanto assim e ia repetir a roupinha :P Mas não rolou por falta de tempo. Compensei no dia seguinte comprando mais uma peça de roupa pro meu guarda-roupas =u_u=
3) problema é que gasto um tempão pra levar pouca coisa. Simplesmente o que tá a venda não bate comigo, ou simplesmente não sei valorizar o que está lá X)
4) por um bom tempo só vou ter coragem em "ambientes controlados", portanto, me achem eventos assim :P
5) preciso conversar com pessoas reais para (me) entender. Vale tanto pra disforia (esse blog é um senhor exercício de auto-análise) quanto para as resenhas que faço no blog aberto :P
6) admito que mal falei com estranhos no evento, meio por estar com medo das reações, meio por ser meu default mesmo, que estava reforçado.
7) gosto de algumas fotos do evento, outras nem tanto. Diria que gosto mais das desfocadas que as que mostram detalhes demais (e estou bem ciente que neme essas nem aquelas delas refletem 100% realidade física)
8) além de saias, acho que podia ter brincado mais com cabelo. Bijuterias também e não sei o que enrolo mais em fazer: procurar psicóloga ou furar orelhas (mas podia ter rolado um brinco de pressão...)
9) falei de mim, mas entre os convidados tinha um barbudo grandão com os olhos maquiados. Make foda, depois soube que era drag :D
10) família de namorada perguntou de fotos minhas no casamento. Eles não sabem. Tenho medo =x
11) meu lado mimimi fala que ninguém lê aqui, nem o google, porque ele respeita o
robots.txt
12) minhas bads alternam entre me achar a mais egoísta dos seres e me achar a solitária na multidão. E não só isso.
13) volta e meia reclamo do que chamo de "síndrome do senhor Miyagi", de ficar esperando alguém que vai me tirar de lá de baixo e me por lá em cima. Falo dos outros, mas é pior quando você deslumbra a possibilidade de ter ela também.
14) como comentei, sei lá se meu nome continua "Márcia", mas ainda acarinho a idéia. Na dúvida, nome de batismo e nome de internet continuam bem válidos, e uma hora tenho uma epifania.


06/10/2019
Pros nomes
Uns sábados atrás teve um lançamento de livro e uma das autoras, daquelas fofíssimas que dá vontade de por num potinho, me perguntou qual pronome eu queria que me tratassem - afinal, muita gente já sabe que sou menina, praticamente toda a internet menos família e emprego :P - e o burburinho na livraria não me deixou entender direito o que ela perguntou, achei que fosse "nome".
Bom, a escolha do nome foi marco zero pra me assumir como mulher e pra construção desse espaço, mas recentemente vieram algumas questões que tão me fazendo rever o nome escolhido, ou não.
Então na hora eu buguei, a escritora achou que me deixou desconfortável e veio me pedir desculpas depois <3

Aí decidi fazer esse post, com temática "repetida", porque acho que já tratei disso em algum canto aí em baixo mas to com preguiça de fuçar: se possível, me tratem no feminino, mas não ligo se me chamam de "ele". Ainda sou "ele" pra boa parte das pessoas que convivo na vida real, pessoas que sabem que sou "ela" convivem com gente que acham que sou "ele", então eu fico chaveando entre os pronomes o dia inteiro, essas pessoas que sabem também, todo mundo fica doido com a confusão, mas ninguém morreu ainda.
Tem lugares e pessoas que ainda estranho virar "ela" nas conversas, mas é mais quebra de contexto que rejeição, e tá cada vez mais raro. No geral, geralzão mesmo, dá um quentinho no coração quando me citam como "ela", especialmente de pessoas que sabem da transição - que não aconteceu "pra valer", mas me considero em processo. O espelho diz que (ainda) não sou merecedora do pronome, que não uso tanto assim na vida real, mas ele é chato e sabe de nada :P

O que sei, talvez, é que diminuíram os ataques, a vontade de me afirmar, que sou mulher. Sou, quem importa sabe, é um bom começo =)
Ontem acho que foi a primeira vez que falei ao vivo, que to mudando de time (gosto dessa metáfora, desculpe)(e continuo corintiana). Ou melhor: tem comunidades que meu nick é meu nome, e ignoram completamente o "Marcelo" e isso foi assunto da conversa. Aí falei, meu nome é esse, mas mudarei e mostrei meu broche com a bandeira trans - que é praticamente a única coisa que me denuncia atualmente =_=, e expliquei por alto o contexto :P
Nada assim chocante, mas gosto de ver estas "primeiras vezes" tanto quanto alguém me chama de "ela" sem motivo algum, tipo pessoas aleatórias que só vêem o marmanjo na frente e até minha mãe (sim, isso aconteceu!)
Inclusive, vamos ver se nos próximos dias sai psicóloga ou se terei de caçar outra....
Notas:
1) Não lembro se foi sonho ou se foi aquele estado meio avoado que a gente tem antes de dormir, mas eu tinha voz feminina. E, "poxa, eu tenho voz feminina!", pensava. Não era um sonho de fortes emoções, mas é a primeira vez que isso acontece :P
2) Preciso montar guarda-roupas, furar as orelhas e tudo o mais, sabe?
3) Hábito feminino que tenho dificuldades: beijar rosto masculino pra cumprimentar.
4) Sim, muita coisa não mudou ou não avançou =P Acho que tem gente que até cansou XD
Dias que você queria menos ombro. Dias que você queria menos queixo. Dias de nada disso.
Dias que você acha que é um desastre a acontecer.
Dias que você acha que nasceu com o corpo errado - e nem to falando do que vocês pensaram.

E tem dias que só acho que to sendo menina quando faço xixi, em casa.
Bons dias são os que sou só pessoa, e o gênero e a questão que tenho com ele não se relevam.


23/09/2019
Penúltimo dia de férias /o\
Estes dias dona namorada me disse uma coisa que achei fofa: "que tal você usar saia em casa, quando morarmos juntas?" :3
Fofo pelo "juntas", fofo porque é uma liberdade que não tenho ainda, fofo porque ela acha bermudas quentes e vou ter mais uma opção :3

Mas, pra variar, dei uma relutadinha básica: medo de entrar em comportamentos compensatorios. De me enfiar um monte de símbolos femininos para compensar o fato de não ser cis? De ter uma overdose de doces depois da vida fazendo dieta e finalmente sendo liberada a comer :P
Saias, vestidos são peças de vestuário femininas em nossa sociedade, um símbolo tão forte que temos até a expressão "de saias" pra indicar o equivalente feminino de algo ou alguém masculino. Mas...no ônibus, na rua, metrô ou no serviço eu fico olhando a mulherada, as roupas que vestem. E, tirando algumas seitas que são mais rígidas no vestuário por gênero, a maioria das mulheres usam calças ou bermudas mesmo, usar só um pano em torno das pernas é uma escolha bem específica de temperatura, humor e ambiente onde você vai estar, não a regra.
Ok, cada uma veste o que quiser em casa, não tem regra na verdade...
Mas, eu de saias é eu fazer o que quero ou é aquilo lá de "compensar" que escrevi acima? :P

Não, não precisam responder, to problematizando com besteira, eu sei. Mas encaro roupas (e não só roupas) como uma linguagem, um conjunto de símbolos que não domino, que outras mulheres são criadas e inseridas desde lá atrás e eu to chegando atrasada, bem atrasada. E não gosto de chamar atenção de passar vergonha, sou daquelas que quando tá vendo um vídeo e personagem vai passar vergonha, eu pauso, volto a ver mais tarde, continuo outro dia. Às vezes até abandono a história. Mas essa MINHA história aqui não quero abandonar não, quero seguir, quero achar meu jeito de me expressar, abandonar velhos hábitos, depois resgatar e misturar, transformar e tudo o mais, e...

Voltei a problematizar por besteira, melhorar parar por aqui :P
Existe uma diferença abissal entre o que a mídia diz que são mulheres e o que é a realidade.... e quem não vive a realidade tende a reproduzir o que mostram. É outro medinho meu de comprar roupas: você pega aquela peça linda, aí veste e encontra o demo mal embrulhado no espelho :P
(desculpa a piada, não pude evitar :P) (mas já tive umas bad muito horrorosas e recomendo pra ninguém)
Cês sabem que tenho algumas roupas e raramente as uso, porque vivo com parentes e talz. Mas, vivendo longe daqui, acho que vou encontrar outro problemas pra usar as roupas novas: são roupas novas XD Roupas novas não são pra se usar em casa, roupa nova é pra sair com elas, né? :P

....mas vai demorar pra eu tomar coragem de sair com elas, se sair. #besta
Vamos ver se retomo aqui, escrevi pouco simplesmente porque perdi a sintonia de escrever aqui, não sabia mais o que escrever, pra quem escrever, o que é permitido escrever. O espaço é meu, mas já recebi uma cortada ou outra - e nem foi sobre algo que bloguei - de gente bem intencionada que me deram alguma insegurança.
Outro motivo pro silêncio é que pouco aconteceu, feijoada. De certa forma, virei trans não-praticante, com avanços aqui e ali, mas imperceptíveis praticamente: algum medinho desses tempos medonhos e mais medão de preoucpar e de me afastar de quem muito importa pra mim.
E tem coisas que aconteceram, a mais maior de boa é minha irmã saber :P E algumas coisinhas chatas ano passado que ainda estou digerindo.
Descupa, sou lerda, fazer o quê? Dêem-me pilha!


11/02/2019
Escrevendo mais coisas :P
Ainda na ferrugem de escrita, então postagens aqui e no blog aberto serão meio desconjuntadas por algum tempo :/

...fora que "menina" tá decididamente em baixa desde o começo do ano, com algumas breves e benvindas aparições. 2018 foi um ano com alguns avanços e muitos becos sem saída e brinco que, por ora, sou só nominalmente trans.
O laser na cara vai indo bem, relativamente. Ainda me faltam uma ou duas sessões, os pelos da barba praticamente acabaram (tirando os fios brancos...), mas o bigode resiste bravamente ¬¬
Obviamente, ainda não tenho coragem de usar roupas (nem tenho tantas...)(nem onde guardar, convenhamos), só volta e meia uso a pulseira velha de guerra <3

preciso comprar mais ^^

Umas poucas vezes ousei utilizar o conteúdo da bolsa abaixo, por medo, vergonha e insegurança:

...mas estas vezes aconteceram, sim ;)
Ah, essa é a maquiagem que está na "outra mochila" que relatei outra vez :P

E, sempre que estou com a tal mochila, tem meu broche com a bandeira trans - algo tenho de ter, né? XD

a melhor combinação de cores :P
Esse button, começo do ano, sumiu do seu lugar fixo na bolsa um sábado desses que fui zanzar na Paulista. Dei ele por perdido, estes trecos caem fácil demais, às vezes, quando achar compro outro. Né?
Chegando em casa, vi que ele caiu dentro de outra bolsa que carrego o.o
Uns poucos sábados depois, outro sumiço do desinfeliz do bottom, agora que foi embora de vez... e logo descobri que ele tinha caído dentro do lugar mais improvável do multiverso: o bolso da frente da calça jeans!! o.o

Resumo: parece que tem alguma entidade tentando sumir com o broche, e tem outra contra ela, o guardando em lugar seguro logo em seguida.


08/02/2019
Escrevendo qualquer coisa
Hoje, cheguei na cozinha reclamando que a mochila estava meio pesada (blusa dessa frente fria tão querida + marmita mesmo) e alguém comenta "também, você traz tudo nessa bolsa, deve ter até maquiagem"
- A maquiagem está na outra bolsa :P
Todos riem.
Mal sabem que a make está realmente na outra bolsa :PP
Meses atrás reclamei de gente fazendo piada com trans na cozinha. Semana passada o assunto "trans" aconteceu de novo, inclusive com uma das participantes da outra conversa.... e foi em direção oposta O.O As pessoas respeitando a auto-identificação de gênero das trans, aquela conversa de que "é nasceu homem em corpo de mulher (e vice-versa), a gente tem de respeitar".
Tive de segurar o queixo enquanto o assunto foi pauta entre algumas garfadas para seguir para outros durante o meu almoço.
Nessa mesma semana chegou uma moça, e antes dela sentar, se apresentou "meu nome é Bárbara" e só quando ela entregou a documentação dela entendi o porquê dela chegar assim. Elogiei a voz - estava perfeita - mas não me identifiquei como menina também =P

E minha colega que sabe ficou dizendo pra outra, na minha frente, "o Marcelo não tem um quê de feminino?" e coisas assim (já a outra dizia "não, não acho"). Ainda to pra chamar essa primeira colega de linguaruda ¬¬'
E, numa nota não relacionada, cliente me soltou um "você emagreceu, né?" E, sim, perdi peso, fiquei feliz pelas pessoas terem percebido.... mas falo disso outro dia :P Já está bastante para um post feito para tirar as ferrugens do blog - e não quero cair no clichê de me desculpar pelo silencião dos últimos meses. A tensão eleitoral foi tanta pra mim que implodiu várias rotinas de leitura, criação, escrita etc e ainda estou no trabalho de reconstrução.
Não vou me forçar.
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